
A COVID-19 é uma doença sistêmica que possui diversas manifestações clínicas e laboratoriais. Dentre as alterações presentes nos exames laboratoriais, estão as hematológicas, como a eritropenia, indicando que pacientes com casos graves podem apresentar redução nos níveis de hemoglobina.
ObjetivosAnalisar a concentração de hemoglobina em pacientes com COVID-19 e sua relação com a gravidade da doença.
Material e métodosTrata-se de um estudo transversal com 122 pacientes adultos, positivos para SARS-CoV-2 e residentes em uma região da Amazônia Legal (São Luís/MA), coletados durante o período março a setembro de 2020, dos quais analisou-se os dados sociodemográficos (idade, óbito e sexo), hospitalares (resultado do teste de molecular para COVID-19, local de internação – enfermaria ou unidade de tratamento intensivo - UTI) e laboratoriais (hemograma completo e ferritina sérica). Os participantes deste estudo foram divididos em dois grupos, de acordo com o local de internação (enfermaria ou UTI). Os dados foram analisados pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk e pelo teste t de Student para amostras independentes utilizando o programa estatístico IBM SPSS versão 24, com nível de significância de 0,05.
ResultadosOs participantes apresentaram predominância do sexo masculino (57,38%), sendo que 25,40% foram a óbito. A média de idade foi de 50 (±17) anos. Dentre as variáveis analisadas, a diferença entre a proporção de sexo e óbito foi significativa quando avaliada entre ambos os grupos, houve predominância de homens na UTI (65,8%) e maior número de óbitos (38,2%). No que se refere aos demais dados, os pacientes que estavam em leito de UTI apresentaram maior concentração sérica de ferritina (1342,00 ± 1228,543 versus 1087,56 ± 567,74-p > 0,05), menor concentração de eritrócitos (3,62 ± 0,72 × 106/uL versus 4,03 ± 0,86 × 106/uL-p < 0,05), menor concentração de hemoglobina (10,23 ± 2,01 g/dL versus 11,22 ± 2,09 g/dL-p < 0,05) e menor porcentagem de hematócrito (32,32 ± 6,13% versus 34,96 ± 6,03%-p < 0,05).
DiscussãoA COVID-19 é uma doença inflamatória sistêmica e sabe-se que a inflamação pode afetar a eritropoiese de diversas formas. A alta expressão do sistema imunológico pode exercer efeitos inibitórios sobre as células precursoras da hematopoiese, reduzindo o tempo de vida dos eritrócitos, desencadeando uma anemia inflamatória.
ConclusãoOs resultados apresentados demonstram que a baixa concentração de hemoglobina é um achado entre os pacientes com COVID-19, sobretudo o que estão em estado mais crítico (UTI). Além disso, pode-se chamar atenção para estudos futuros de como a anemia afetou os pacientes a longo prazo (COVID longa).