
Trata-se de uma análise de perfil epidemiológico com intuito de categorizar detalhadamente as características e tendências epidemiológicas acerca do Linfoma Não Hodgkin na população do Estado de São Paulo, de forma a compreender como fatores sociodemográficos, ambientais e clínicos podem influenciar a incidência, prevalência e/ou tratamento do LNH.
Materiais e métodosO levantamento epidemiológico foi realizado por meio de informações disponibilizadas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATA-SUS), com a utilização do Painel-Oncologia fornecendo os dados necessários desde o acompanhamento diagnóstico ao tratamento. O recorte temporal adotado contemplou os anos de 2018 a 2023 e as siglas avaliadas foram: C82 – Linfoma não-Hodgkin, folicular (nodular), C83 – Linfoma não-Hodgkin difuso e C85 – Linfoma não-Hodgkin de outros tipos e de tipo não especificado.
ResultadosEntre os anos de 2018 e 2023 foram registrados 10.278 novos diagnósticos de Linfoma Não Hodgkin no Estado de São Paulo, tendo em média 1.713 casos por ano. A média anual de diagnósticos para o sexo feminino foi de 798 casos, enquanto para os homens, a média foi de 915 casos, indicando um aumento de 14,7% dos casos em homens quando comparado a mulheres. A idade média de diagnósticos durante esse período foi de 64 anos, tendo uma queda de 6,5% na idade numérica considerando a idade mais prevalente em 2018 (62 anos) e a idade mais prevalente em 2023 (58 anos). A cidade de São Paulo foi o município com mais casos em todos os anos analisados, seguido pela cidade de Barretos, e pela cidade de Campinas, entre 2018 e 2019 e depois pela cidade de Jaú que permaneceu até 2023. A quimioterapia é o tratamento mais utilizado, sendo a modalidade escolhida em 90% dos casos, enquanto a radioterapia e intervenções cirúrgicas representam respectivamente 6,5% e 3,5% dos casos.
DiscussãoA análise epidemiológica mostrou maior prevalência de LNH entre homens e com idade média de diagnóstico de 64 anos. Estes achados corroboram com a literatura, uma vez que, estudos apontam maior suscetibilidade ao LNH no sexo masculino e maior prevalência em idades avançadas. A diferença de incidência entre os sexos pode ser atribuída a diversos fatores biológicos e comportamentais. Além disso, a literatura sugere que fatores hormonais podem desempenhar um papel importante nesse contexto. A redução na idade média de diagnóstico ao longo dos anos pode indicar avanços nos métodos de detecção precoce da doença. No entanto, também pode ser reflexo de mudanças nos fatores de risco e exposição a agentes etiológicos. Por fim, a predominância da quimioterapia como modalidade terapêutica, utilizada em 90% dos casos, indica sua eficácia e aceitação como tratamento padrão para LNH, especialmente em estágios mais avançados.
ConclusãoA análise demonstrou que o LNH é mais incidente em indivíduos do sexo masculino, bem como, a idade mais acometida foi entre 60 e 69 anos. As cidades de São Paulo, Barretos, Campinas e Jaú, são grandes polos populacionais e onde se localizam hospitais de referência oncológica, foram as cidades que apresentaram maior número de novos diagnósticos. A quimioterapia foi a modalidade terapêutica mais utilizada no tratamento do LNH. Nossos achados destacam a necessidade de estratégias de saúde pública direcionadas para a prevenção e o diagnóstico precoce de LNH, especialmente em populações de maior risco, como homens e indivíduos em idade avançada.