
Pacientes com neoplasias hematológicas (NH) apresentam alto risco de complicações graves por COVID-19 devido à imunossupressão causada pela doença e por seus tratamentos. A vacinação contra COVID-19 é crucial para este grupo que pode ter uma resposta imune à vacina variável.
ObjetivosAnalisar o impacto da infecção por Covid-19 em pacientes com neoplasias mieloproliferativas (NMP), considerando os desafios e avanços terapêuticos.
Materiais e métodosTrata-se de uma revisão integrativa da literatura, na qual o levantamento de dados foi realizado na plataforma PubMed. Foram utilizados como apoio os descritores DECs e MeSH: “COVID-19 and myeloproliferative disease and neoplasm”. Foram incluídos: estudos de 2019 a 2024 com os filtros: língua inglesa, estudos experimentais, clínicos, meta-análise e revisões sistemáticas, resultando em treze artigos. Dentre estes, foram selecionados sete trabalhos pertinentes ao tema.
ResultadosPacientes com NMP apresentam um maior risco de complicações letais quando infectados pelo COVID-19 do que a população geral. Os principais achados indicam que, durante a primeira onda de COVID-19, pacientes com leucemia mieloide aguda e síndromes mielodisplásicas apresentaram alta mortalidade, exacerbada por fatores como idade, doenças crônicas e tempo de internação em UTI. Na segunda onda, essa taxa caiu drasticamente. Em relação à eficácia e imunogenicidade da vacinação, a infecção por COVID-19 resultou em menor número de soroconversão em pacientes com NH, sendo as taxas mais altas em pacientes com neoplasias mieloproliferativas e mais baixas em pacientes com leucemia linfocítica crônica. Ao analisar a segurança da vacina BNT162b2 (Pfizer-BioNTech) nos pacientes com mieloma múltiplo (MM) e malignidades mieloproliferativas (MPM) que estão em tratamento anticâncer ativo, a resposta à vacina foi robusta em 88% dos pacientes com MPM, já pacientes com MM responderam significativamente menos, especialmente aqueles em tratamento baseado em anti-CD38. Além disso, essa vacina em dose única promoveu uma imunização segura em metade dos pacientes estudados e, uma gripe transitória em cerca de 23,5% dos pacientes. Junto a isso, terapias específicas para NMP e imunossuprimidos podem influenciar a evolução clínica da infecção por COVID-19, já que se apresentam mais vulneráveis.
DiscussãoA relação entre NMP e a infecção por COVID-19, evidenciam a vulnerabilidade deste grupo. Pacientes, nessas condições, possuem maior risco de complicações letais se infectados pelo vírus. A resposta à vacinação contra COVID-19 é alarmante em pacientes com NH, especialmente aqueles em tratamento com depleção de células B, devido às menores taxas de soroconversão comparadas a pacientes saudáveis. Enquanto 88% dos pacientes com NMP mostraram uma resposta imune robusta, pacientes com MM, especialmente os tratados com anti-CD38, tiveram uma resposta mais fraca. A menor soroconversão em pacientes com câncer mieloide, em comparação com profissionais de saúde, destaca a necessidade de estratégias de vacinação diferenciadas e intensivas para esses pacientes.
ConclusãoA vacinação contra COVID-19 é essencial para pacientes com NH, apesar da possível resposta imune comprometida. Estratégias individualizadas, considerando o tipo de doença, estado de tratamento e histórico do paciente, podem otimizar a resposta à vacina.