HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) é uma complicação frequente do transplante alogênico de células-tronco, e formas refratárias à terapia convencional ainda são um desafio. Nesse cenário, a imunoterapia surge como uma alternativa promissora, oferecendo abordagens mais específicas e eficazes para a prevenção e o tratamento da DECH.
ObjetivosAnalisar o papel da imunoterapia no contexto pós-transplante de Células-Tronco-Hematopoiéticas (TCTH), quando aplicadas no tratamento da DECH. Visando destacar os mecanismos imunológicos envolvidos no processo, as atuais abordagens terapêuticas disponíveis, e os resultados clínicos associados.
Material e métodosRevisão bibliográfica sobre imunoterapia no tratamento da Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH), incluindo artigos dos últimos 10 anos, como ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises. A pesquisa abordou terapias como inibidores de checkpoint, células T reguladoras e anticorpos monoclonais e incluiu estudos com pacientes submetidos ao TCTH.
ResultadosO campo da imunoterapia direcionada ao tratamento da DECH tem se tornado cada vez mais abrangente, com muitas pesquisas e abordagens promissoras, a sua maioria em fase 2. Uma das abordagens mais consistentes é o uso de células T reguladoras, que inibem o sistema imune através da produção de citocinas imunomoduladoras, tais como IL-10, IL-35 e TGF-β. Como possuem o receptor CD25, elas competem pela IL-2, levando ao consumo dessa interleucina e diminuindo a proliferação de células T convencionais. Outra ação importante é a expressão da proteína CTLA-4 que interage com a APCs (Células apresentadoras de antígeno), assim impedindo que ela ative células-T convencionais. Existe também a imunoterapia por infusão de células progenitoras de sangue de cordão expandidas ex vivo que consiste em coletar unidades de sangue de cordão umbilical e cultivá‑las em laboratório para aumentar a quantidade de células-tronco hematopoéticas e preservar subpopulações imunorreguladoras. Após a expansão, essas células são infundidas no paciente. Que além de acelerar a recuperação da medula óssea, ajuda a reduzir a incidência e a gravidade da DECH, modulando a resposta imune alorreativa. Dentre as múltiplas estratégias com células T reguladoras, destacam-se as transferências de células T de um doador, com consequente infusão no paciente, com ou sem expansão em laboratório, ou até mesmo induzir a transformação de células T comuns em reguladoras através do uso de TGF-ß, também em laboratório. Também é possível expandir a produção de células T reguladoras do próprio paciente com o uso de IL-2 em baixa dose, bem como utilizar a tecnologia CAR (“Chimeric Antigen Receptor”), que permite que as células reguladoras reconheçam antígenos específicos independente do HLA, permitindo tolerância ao enxerto sem imunossupressão.
Discussão e conclusãoA imunoterapia com células T reguladoras (Tregs) se mostrou promissora, sendo capaz de atuar por distintos mecanismos como com a produção de citocinas imunossupressoras, ou por meio do consumo de IL-2 e bloqueio da ativação de células T convencionais via CTLA-4. Algumas estratégias como a infusão de Tregs de doadores, expansão in vitro ou indução de Tregs autólogas em baixa dose estão sendo exploradas. Portanto, por mais que os estudos sejam recentes e estejam em fases clínicas iniciais, tais abordagens indicam um relevante potencial terapêutico, apresentando menor toxicidade e maior precisão, que pode no futuro substituir imunossupressores tradicionais no manejo da DECH.




