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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 862
Acesso de texto completo
HEMOTRANSFUSÃO EM PACIENTES OBSTÉTRICAS – CONDUTA TRANSFUSIONAL DA HPP: QUANDO?
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DJGN Borgesa, LFF Marinsa, LP Andradea, LAdPC Lageb, RdO Costaa
a Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCMS), Santos, SP, Brasil
b Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A Hemorragia Pós-Parto (HPP) é a segunda causa de morte no Brasil e a primeira em nível mundial. A HPP é definida como uma perda sanguínea igual ou superior a 500 mL em partos vaginais e a 1000 mL em cesarianas, sendo considerada grave quando, além dessa estimativa de perda sanguínea, há a associação de sinais e sintomas de hipovolemia. A Transfusão Sanguínea (TS) é um componente fundamental no manejo da HPP. No entanto, apesar de sua importância, as diretrizes atuais apresentam limitações quanto à definição do momento ideal para sua indicação.

Objetivos

Realizar minireview da literatura das indicações transfusionais da hemorragia pós parto.

Material e métodos

Revisão de literatura dos últimos 5 anos do manejo transfusional da HPP.

Discussão

Observamos que as decisões transfusionais dos estudos revisados baseiam-se em evidências clinicas subjetivas de sangramentos volumosos, como a estimativa visual de grandes perdas sanguíneas na hora do parto. Já como avaliações mais objetivas, têm-se o tônus uterinos, a Frequência Cardíaca (FC), a Pressão Arterial (PA) e, os sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica, que são indicação clara de TS. A dosagem de Hemoglobina (Hb) pode ser usada para diagnosticar a HPP, sendo recentemente considerada a Hb <10 g/dL como corte. Essa abordagem apresenta limitações, visto que fatores como anemia prévia, morosidade da liberação dos exames e a hemodiluição fisiológica da gestação interferem na avaliação dos resultados. Alguns estudos avaliaram que o Índice de Choque (Shock Index, SI ≥ 1,0), demonstrou valor apenas na identificação de deterioração clínica já estabelecida, atuando como marcador de gravidade, e não como ferramenta de diagnóstico precoce. A única medida efetiva para tratar os casos de HPP grave é a transfusão sanguínea e algumas associações recomendam a indicação de transfusão sanguínea com valores de Hb < 7 g/dL. Todavia, existem diretrizes que consideram essa conduta arbitrária e alertam para o risco de transfusões desnecessárias quando baseada apenas nesse parâmetro. As condutas são baseadas no atendimento ao trauma, devido à falta de estudos específicos em obstetrícia, como a administração simultânea de Concentrado de Hemácias (CH), Plasma Fresco Congelado (PFC) e Concentrado de Plaquetas (CP) na proporção 1:1:1. O concentrado de fibrinogênio e o crioprecipitado são hemocomponentes em investigação devido à sua depleção durante episódios de hemorragia, por isso foi levantada a hipótese de que sua reposição poderia reduzir a extensão do sangramento, porém os estudos realizados até o momento não demonstraram desfechos clínicos favoráveis significativos.

Conclusão

As indicações de TS da HPP ainda são amplas, pouco padronizadas e fundamentadas em critérios clínicos subjetivos. Os parâmetros atualmente utilizados para guiar a conduta transfusional revelam limitações importantes e não têm se mostrado eficazes para o diagnóstico precoce ou para a tomada de decisão de forma precisa. Em razão da escassez de ensaios clínicos randomizados recentes, as revisões sistemáticas e meta-análises disponíveis não oferecem evidências robustas o suficiente para sustentar, com segurança, as condutas transfusionais adotadas. Tal situação reforça a necessidade urgente de estudos de alta qualidade metodológica que subsidiem decisões mais seguras, objetivas e embasadas em evidência científica no manejo de TS da HPP.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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