
Investigar a prevalência de hemoglobinopatias estruturais em gestantes das Regiões Sul e Sudoeste do estado da Bahia, Brasil.
Materiais e métodosA determinação dos genótipos de hemoglobinas foi realizada pela técnica de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC). Um total de 73.611 gestantes foram triadas durante os anos de 2018 e 2019 pelo programa de Triagem Pré-natal da Rede Cegonha do Ministério da Saúde através do LABIMUNO (Laboratório de Imunologia e Biologia Celular, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Este programa utiliza a metodologia, de coletas de amostras de sangue de gestantes através de papel filtro para diagnosticar doenças genéticas e/ou infectocontagiosas que possam comprometer a saúde materno-infantil no período pré-natal.
ResultadosDesta forma, visando identificar os dados estatísticos relacionados a prevalência de hemoglobinopatias estruturais nas regiões Sul e Sudoeste da Bahia, foi realizada uma coleta de dados secundários na referida instituição, onde 4.909 (6,67%) das gestantes eram portadoras de alguma hemoglobinopatia, sendo 2.540 (6,68%) pacientes do ano de 2018 e 2.369 (6,66%) do ano de 2019. Vale evidenciar, que 8 gestantes foram identificadas como portadoras de Anemia Falciforme e 3.089 do Traço Falcêmico. Vale destacar, que foi encontrada uma alta frequência para o Traço Falciforme, no entanto, outras hemoglobinopatias que podem desencadear problemas clínicos importantes, especialmente no período gestacional, foram identificadas como; HbAC (2,24%), HbCC (0,019%), HbSC (0,045%), HbAD (0,026%), HbAF (0,11%), HbSF (0,0025%), e HbAE (0,016%).
DiscussãoDe acordo com as diretrizes do Projeto Rede Cegonha, todas as gestantes devem realizar a primeira coleta no primeiro trimestre da gestação e uma segunda coleta no segundo trimestre da gestação (para testagem de HIV, sífilis e citomegalovírus). Contudo neste estudo só foram utilizados dados das gestantes que realizaram a primeira coleta, já que a detecção de hemoglobinopatias é testada no LABIMUNO nesta fase, podendo variar o trimestre de gravidez, uma vez que ao chegar à Unidade de Saúde a grávida vai passar pela primeira coleta independente do estágio gestacional. A elevada frequência de hemoglobinopatias encontrada neste estudo é de grande importância e aponta para a necessidade de um diagnóstico anterior ao período gestacional, porém, muitas grávidas postergam os exames e consultas pré-natais do primeiro trimestre gestacional, como foi observado ao longo desta pesquisa no grupo estudado.
ConclusãoA partir dos resultados obtidos no presente estudo, podemos concluir, que o grupo em estudo, possuía 6,67% de gestantes portadoras de hemoglobinopatias estruturais. Esse grupo é representado em sua grande maioria por gestantes portadoras de anemia falciforme ou traço falcêmico. Vale destacar, que o perfil hemoglobínico das gestantes do estudo revelou a presença de hemoglobinopatias de grande importância, como a HbSC, HbSS e HbCC. Sendo assim, este estudo indica evidências da acessibilidade para o diagnóstico de baixo custo e de rápida detecção para portadores de hemoglobinopatias estruturais, e tem grande importância, devendo nortear a definição de políticas públicas relacionadas a programas educacionais e assistenciais para o acompanhamento materno-infantil na população estudada.