
O presente estudo objetiva avaliar as anemias classificadas morfologicamente pelos índices hematimétricos, de acordo com o sexo e faixa etária.
Material e MétodosTrata-se de um estudo transversal e descritivo, desenvolvido em um laboratório de Análises Clínicas na cidade de Aracaju-Sergipe, utilizando dados de hemogramas coletados do período compreendido entre primeiro de janeiro de 2019 a trinta e um de junho do mesmo ano. Para critérios de elegibilidade da ICSH (Comitê Internacional dePadronização em Hematologia), adotou-se como critério de anemia: hemoglobina inferior a 12mg/dL para mulheres; inferior a 13mg/dL para homens; e inferior a 11mg/dL para crianças com idade até 12 anos. Os resultados foram organizados de acordo com faixa etária e sexo. Para a análise morfológica das anemias, incluíram-se as observações de índices hematimétricos: VCM (Volume corpuscular médio); HCM (Hemoglobina corpuscular média); e CHCM (Concentração de hemoglobina corpuscular média). A tabulação e organização dos dados ocorreu por meio do programa Excel 365, análise estatística pelo software Statistical Package for the Social Science (SPSS) 22,0, utilizando um intervalo de confiança de 95%, e aplicação dos testes Exato de Fisher e Qui-quadrado de Pearson.
ResultadosForam analisados 278 hemogramas apresentando anemia. As anemias foram mais predominantes entre o sexo feminino (81,3%), e na faixa etária compreendida entre os 12 aos 59 anos de idade (70,8%). Houve predominância entre ambos os sexos de anemias do tipo normocítica e normocrômica, aonde em 226 indivíduos do sexo feminino, 117 apresentaram este tipo de anemia; e dentre 52 indivíduos do sexo masculino, 36 eram normocíticos e normocrômicos. Estatisticamente houve neste grupo relação significante entre sexo e tipo de anemia em questão (p = 0,03), demonstrando, entretanto, uma prevalência no sexo masculino (69,2%). O grupo com anemia do tipo microcítica e hipocrômica apresentou uma maior prevalência da faixa etária < 11 anos (50%), onde estatisticamente houve uma relação significativa entre essa faixa etária e o tipo de anemia em questão (p = 0,01). Já na anemia normocítica e normocrômica identificou-se uma maior prevalência na faixa etária >59 anos (66,7%), apresentando uma relação estatística significativa entre a faixa etária e o tipo de anemia em questão (p = 0,04).
DiscussãoA maior prevalência de anemias em mulheres é esperada diante de situações intrínsecas a elas como as perdas de fluídos menstruais, depleção nutricional de ferro e fatores hormonais ligados a menstruação, gravidez e lactação. As anemias normocíticas e normocrômicas, as mais frequentes neste estudo, são provocadas por uma eritropoese ineficaz, ocorrendo como consequência da depleção do estímulo da eritropoietina, sendo o hormônio que atua na produção das hemácias. Anemias normocíticas e normocrômicas são representativas em anemias aplásicas, hemolíticas e anemias de doenças crônicas, entretanto, para um diagnóstico exato, outros exames deverão ser feitos.
ConclusãoReforça-se a importância da observação dos índices hematimétricos no hemograma e do conhecimento de suas variações de acordo com o sexo e faixas etárias, sabendo que estas variáveis se relacionam às prevalências de determinadas anemias.