HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs neoplasias hematológicas são o tipo de câncer que afeta o sangue e tecidos que o produzem e estão entre as principais causas de câncer na infância e adolescência. No mundo, a leucemia linfoblástica aguda e os linfomas, em especial o não Hodgkin e o de Hodgkin, lideram entre esses tumores. Além disso, se destacam pela alta incidência e impacto clínico, apresentando rápida evolução e exigindo abordagens diagnóstica e terapêutica ágeis.
ObjetivosCompreender o cenário epidemiológico das neoplasias hematológicas no público infantojuvenil, considerando dados mundiais e nacionais, e alertar a importância do diagnóstico precoce no contexto brasileiro.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo baseado em informações do GLOBOCAN 2022 (IARC/OMS) e da Estimativa 2023 do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Foram incluídas leucemias, linfomas de Hodgkin e não Hodgkin e mieloma múltiplo. Além disso, consultaram-se o Protocolo de Diagnóstico Precoce do Câncer Pediátrico e o guia “Diagnóstico precoce na criança e no adolescente”, ambos do INCA, a fim de reunir orientações sobre sinais de alerta e condutas iniciais.
Discussão e conclusãoDe acordo com o GLOBOCAN 2022, o Brasil registrou 2.311 novos casos em crianças de 0–14 anos, taxa bruta de 5,3 por 100 mil habitantes e risco cumulativo de 0,08% até essa idade. Os números do INCA confirmam a leucemia como a mais frequente, seguida pelos linfomas. No mapa do país, Centro-Oeste, Sul e Sudeste concentram mais casos, algo que merece atenção. O padrão brasileiro se aproxima do mundial, mas não é homogêneo. As regiões com mais casos podem refletir maior exposição a fatores ambientais e ocupacionais, mas também revelam um fato: onde há mais recursos e infraestrutura, há mais diagnóstico. No universo pediátrico, o tempo é fundamental. Quando a doença é detectada cedo e tratada em centros especializados, as taxas de sobrevida podem superar 80%. No entanto, a inespecificidade dos sintomas iniciais impactam diretamente na investigação e diagnóstico. Dessa forma, os protocolos nacionais reforçam a importância de treinar a atenção primária para reconhecer sinais de alerta e o rápido encaminhamento. O tratamento, no Brasil, baseia-se em protocolos adaptados, como os do Grupo Brasileiro de Tratamento da Leucemia Infantil (GBTLI). A quimioterapia é o pilar, mas radioterapia e transplante de medula óssea entram em casos específicos. O manejo exige uma abordagem ampla: prevenir e tratar infecções, oferecer suporte transfusional e cuidar da nutrição e do bem- estar psicológico. Cada um desses pontos é peça-chave para um bom desfecho. As neoplasias hematológicas pediátricas reúnem dois extremos: representam grande carga de morbimortalidade, mas oferecem alta chance de cura quando tratadas a tempo. No Brasil, desigualdades regionais ainda pesam no diagnóstico e no acesso ao tratamento. Investir na capacitação da rede básica, fortalecer centros de referência e garantir o uso de protocolos específicos são passos decisivos para aumentar a sobrevida e preservar a qualidade de vida das crianças e adolescentes que enfrentam esse desafio.




