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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S326-S327 (Outubro 2023)
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EFEITO DA BLEOMICINA EM LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO: ESTUDO RETROSPECTIVO
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JL Vendraminia, JFDCL Casasa, GF Mendesa, RLB Lacerdaa, NCD Amarala, EMS Krogerb, JMTPD Nascimentob, FL Nogueiraa,b, SSS Araújoa, PHFDCL Casasa,b
a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
b Hospital Luxemburgo (HL), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Introdução

Desenvolver novas terapias para Linfoma de Hodgkin Clássico (LHc) que mantenham eficácia e não aumentem toxicidade são alvo de vários estudos, como RATHL e ECHELON. Buscando alternativas à Bleomicina, já houve tentativas de diminuir doses ou substituir por Brentuximab ou Nivolumab. Entretanto, ensaios clínicos comparando ABVD e AVD são eticamente impossíveis, já que a omissão dessa droga sem a substituição por outra pode prejudicar sobrevida e resposta. A indisponibilidade temporária de Bleomicina no Brasil implicou no uso não opcional da terapia com AVD, o que permitiu realização de comparação retrospectiva quase que exclusiva entre os tratamentos supracitados. Assim, o objetivo desse trabalho é comparar eficácia e toxicidade de LHc entre os esquemas ABVD e AVD em pacientes do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) tratados entre 2014 e 2020 e pacientes do Hospital Luxemburgo (HL) tratados entre 2018 e 2020.

Métodos

O presente estudo, observacional e retrospectivo, selecionou pacientes diagnosticados com LHc por meio de exames anatomopatológicos e imunohistoquimicos do HC-UFMG e do HL. Os critérios de elegibilidade incluem pacientes com pelo menos um ciclo de tratamento com ABVD ou AVD entre 2017 e 2020 e excluem pacientes cuja quimioterapia se afastou do protocolo. Os dados foram coletados de prontuários de ambos hospitais mediante questionário padronizado.

Resultados

O estudo incluiu 46 pacientes, sendo 24 tratados no esquema AVD e 22 no esquema ABVD. Os pacientes foram distribuídos balanceadamente por sexo, idade e grupo histológico. Em relação ao grupo ABDV, o grupo AVD teve 11.0% a mais de casos considerados avançados e 15.6% a mais de pacientes com sintomas B, sendo essas duas características associadas a pior prognóstico. A avaliação da resposta ao tratamento foi feita por meio de PET/CT e 90.9% dos pacientes do grupo ABVD e 83.3% do grupo AVD apresentaram resposta completa. 9.1% do grupo ABVD e 20.8% do grupo AVD apresentaram refratariedade ou recaída, recebendo outras terapêuticas adequadas. Nenhum caso de recaída foi relatado após terceira linha. No grupo ABVD, a sobrevida livre de progressão em 3 anos foi de 95.4% e no grupo AVD de 78.8% (p > 0.05), o que corresponde a um risco 186% maior de progressão, recaída ou morte em pacientes tratados pelo esquema AVD em relação ao ABVD. A sobrevida global em ambos os grupos foi de 100%.

Discussão

O estudo apontou diferença de sobrevida livre de progressão de 95.4% contra 78.8% em pacientes, respectivamente, com esquema ABVD e AVD. Essa diferença, apesar de estatisticamente insignificante devido ao tamanho amostral, levanta a hipótese de que a omissão da Bleomicina pode minimizar a eficácia do tratamento, trazendo maiores riscos de progressão, recaída e morte. No entanto, mesmo com essas consequências, todos os pacientes foram eficazmente manejados com as terapias de resgate, com sobrevida global (em 3 anos) de ambos os grupos igual a 100%.

Conclusão

O estudo aponta que a omissão da Bleomicina do regime ABVD pode gerar desfechos negativos para o paciente. Com a excentricidade da situação de indisponibilidade da Bleomicina no Brasil, o estudo apresenta relevância e pode ser base para trabalhos mais amplos, com expansão da coleta de dados do tratamento de LHc nos serviços de saúde brasileiros.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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