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Informação da revista
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1078-S1079 (outubro 2024)
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HEMO 2024
Páginas S1078-S1079 (outubro 2024)
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DESAFIOS E IMPLICAÇÕES DO AUMENTO NAS TRANSFUSÕES DE PLAQUETAS NAS EPIDEMIAS DE DENGUE NO BRASIL
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AFM Fiorilloa, GHSA Glóriaa, ESM Almeidaa, PPCO Silvaa, GNR Silvaa, GM Silvaa, MPP Oliveiraa, LS Oliveiraa, JAGG Rodriguesa, SMCBP Jesusb
a Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília, DF, Brasil
b Hospital Sírio Libanês de Brasília, Brasília, DF, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivos

Este artigo analisa a conduta de transfusão de plaquetas em pacientes com dengue, avalia o impacto à nível de saúde pública do aumento da demanda deste hemocomponente e reforça a relevância da educação dos profissionais de saúde sobre as práticas clínicas.

Materiais e métodos

Trata-se de uma revisão integrativa para responder à pergunta: “Qual o impacto da doação de plaquetas na epidemia de dengue? ” com buscas bibliográficas nos bancos de dados Medline (PubMed), SCIELO Brasil e Google Acadêmico, utilizando os termos Dengue, Plaquetas e Transfusão.

Resultados

Estudos mostraram que a transfusão de plaquetas em pacientes plaquetopênicos com dengue, não alterou significativamente o controle do sangramento ou a eficácia da coagulação. Geralmente, as transfusões são reservadas para casos graves de sangramento mucoso não controlado, apesar da falta de evidências sólidas para apoiar seu uso generalizado. Durante surtos de dengue, a alta demanda por plaquetas sobrecarrega os bancos de sangue, levando a estoques críticos e à necessidade contínua de recrutamento de doadores. No entanto, muitas dessas transfusões não estão alinhadas com diretrizes médicas baseadas em evidências, o que sugere um uso potencialmente desnecessário de plaquetas. Assim, é crucial uma gestão mais criteriosa para garantir que os pacientes com dengue se beneficiem adequadamente das transfusões de plaquetas.

Discussão

Em 2024, o Brasil enfrentou a maior epidemia de dengue, com documentação de 4,3 milhões de casos nos primeiros quatro meses do ano, conforme dados do Ministério da Saúde. Sabe-se que a dengue pode levar a manifestações clínicas graves, incluindo manifestações hemorrágicas. A fisiopatologia dos fenômenos hemorrágicos da dengue é complexa, envolvendo: trombocitopenia acentuada, disfunção plaquetária e lesão endotelial associada à infecção. A trombocitopenia causada pela dengue é multifatorial, sendo secundária à destruição imunomediada das plaquetas, redução da produção de plaquetas na medula óssea e destruição periférica (pontos de fragilidade vascular). O papel das transfusões de plaquetas no contexto da dengue é controverso, conforme evidenciado em um estudo realizado em Singapura e na Malásia, com 372 pacientes adultos, que não demonstrou benefício claro da transfusão profilática de plaquetas na prevenção de complicações como sangramento grave. A trombocitopenia na dengue resulta de várias causas, incluindo supressão da medula óssea e destruição autoimune das plaquetas. Sabe-se hoje que, com exceção de alguns grupos de risco específicos, não há evidências suficientes para recomendar a transfusão profilática de plaquetas em pacientes com dengue. Dessa forma, uma gestão criteriosa e baseada em evidências é essencial para o tratamento adequado dos pacientes e para gestão de hemocomponentes durante epidemias de dengue.

Conclusão

O aumento de doadores de plaquetas no Brasil durante epidemias de dengue é uma resposta necessária, mas as transfusões devem ser baseadas em evidências clínicas para evitar uso desnecessário e riscos. É importante combinar políticas de saúde pública com boas práticas médicas para garantir que apenas pacientes necessitados recebam transfusões. Não há evidências que justifiquem a transfusão profilática de plaquetas, mas mais estudos são necessários para avaliar seus benefícios na prevenção de sangramentos graves em casos severos de dengue.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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