
As leucemias são um grupo de doenças caracterizadas pela proliferação descontrolada de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue. Podem ser classificadas como agudas ou crônicas e, a depender da linhagem que acometem, em linfoides e mieloides. A leucemia mieloide aguda é a forma mais comum de leucemia aguda em adultos e tem apresentação rápida e progressiva, enquanto a leucemia mieloide crônica tem progressão mais lenta, sendo muitas vezes diagnosticada incidentalmente.
ObjetivosAnalisar as tendências da mortalidade por leucemia mieloide no Brasil em um período de 5 anos (2018 a 2022).
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico do tipo série temporal com dados secundários e abertos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Através do Sistema de Informações sobre Mortalidade do SUS (SIM-SUS) foram obtidos os registros de óbitos por leucemia mieloide no Brasil entre 2018 e 2022. Para o cálculo da taxa de mortalidade foi utilizado como referencial a população brasileira do Censo demográfico de 2022. As variáveis consideradas foram: capitais brasileiras, ano, casos por ano de diagnóstico, população e óbitos por leucemia mieloide.
ResultadosNo período de 2018 a 2022 foram notificados 10.190 casos de leucemia mieloide nas capitais brasileiras. Observou-se uma queda importante no número de diagnósticos no ano de 2020, que apresentou a menor quantidade de casos (1.834). Ao analisar o número absoluto de casos, notou-se que São Paulo teve o maior (1.458), representando 14,3% do total. Em contrapartida, o município de Macapá registrou o menor número de casos (23). Referente ao total de óbitos, ocorreram 8.815 nas capitais brasileiras no período analisado. São Paulo foi a capital com maior número de óbitos (1.843), representando 20,9% do total, enquanto, Boa Vista teve o menor número de óbitos, com 16 ocorrências no período de 5 anos. No que se refere à taxa de mortalidade (TM) por leucemia mieloide, em 2022, Vitória apresentou uma TM de 9,91%, a maior dentre as capitais. Por outro lado, Macapá, apresentou 0,23% de TM, sendo considerada a capital com a menor taxa de mortalidade no período analisado. Em relação às taxas de letalidade, Macapá e Natal apresentaram as mais elevadas, com 91,3% e 86,17%, respectivamente, no período de 5 anos.
DiscussãoAo analisar os dados obtidos para a leucemia mieloide no período de 2018 a 2022, notaram-se variações significativas nas métricas de número de casos e óbitos. Apesar da TM ser menor no Macapá comparado ao restante do país, o número de casos e de óbitos no período de 5 anos é muito próximo, o que confere à capital uma alta taxa de letalidade. Em comparação aos outros anos analisados, 2020 teve parâmetros majoritariamente menores, com queda tanto do número de casos quanto de óbitos. O impacto do Covid-19 pode ter contribuído para esses resultados, seja por subdiagnóstico e subnotificação ou pelo receio da população em frequentar ambientes hospitalares em busca de tratamento.
ConclusãoOs dados revelam diferenças marcantes entre as capitais brasileiras no que concerne à leucemia mieloide.Tais disparidades destacam a necessidade de abordagens específicas e direcionadas para enfrentar essa doença, incluindo investimentos em detecção precoce e tratamento adaptado às necessidades locais, visando reduzir as discrepâncias e melhorar os resultados em saúde.