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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1079-S1080 (outubro 2024)
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Páginas S1079-S1080 (outubro 2024)
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FATOR V DE LEIDEN E SUA CARGA GENÉTICA EM HETEROZIGOTOS
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MZ Baraldi, RT Silva, JL Coneglian, BB Vinholes, FS Zottmann, LC Gonçalves, CMV Borges, JBCB Silva
Faculdade São Leopoldo Mandic, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivo

Fator V de Leiden (FVL) é o mais relevante indicador de risco genético de trombose. Trata-se de uma mutação que interfere diretamente na atuação da proteína C (PC) na sua forma ativada, um dos reguladores do sistema de coagulação, que atua na inativação proteolítica dos fatores Va e VIIIa. Esta alteração é decorrente da troca da arginina 506 do fator V por uma glutamina. Assim, há indução à resistência da PC ativada, em que a clivagem e inativação do fator Va é feita de forma insatisfatória, logo levando ao acúmulo e consequentemente aumentando o risco de trombose. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de duas irmãs com a referida mutação, em heterozigose, que sofreram eventos trombóticos.

Material e métodos

Foram coletados dados do prontuário das pacientes e realizada pesquisa sobre “fator V de Leiden e carga genética em heterozigotos”no PubMed e Scielo.

Relato do caso

Paciente nº1, feminino, atualmente com 46 anos; aos 34 anos, teve trombose venosa profunda no membro inferior direito. Nega comorbidades, uso de medicações, de drogas ilícitas, de anticoncepcional e tabagismo. Foi então investigada quanto a trombofilias primárias e identificada mutação do FVL em heterozigose. Nesses 12 anos de acompanhamento, esse foi seu único evento tromboembólico. A paciente fez uso de Varfarina por 6 meses e após esse período usa apenas aspirina profilática, sem intercorrências. Paciente nº2, feminino, irmã caçula da paciente nº1, atualmente com 38 anos. Há 3 meses sofreu acidente vascular encefálico (AVE), evoluindo com hemiparesia completa à direita como sequela. Refere ser hipertensa leve controlada com losartana há 2 anos. Nega outras comorbidades, uso de outras medicações, de drogas ilícitas, de anticoncepcional e tabagismo. Após tal evento também foi investigada quanto a trombofilia primária, sendo detectada a mesma mutação que a irmã. Após AVE, está em uso também de aspirina, e atorvastatina.

Discussão

A prevalência da mutação do FVL na população brasileira é de cerca de 2%. Sabe-se que esta mutação aumenta de 3 a 10 vezes a chance de eventos trombóticos, especialmente em homozigotos. Ademais, em um estudo realizado em Minas Gerais, a frequência da mutação do FVL foi observada em heterozigose em 7,52% dos indivíduos e em 0,36% em homozigose. Nos casos descritos neste trabalho, há duas irmãs com a mutação do FVL, em heterozigose, o que corrobora com os dados da literatura brasileira, porém uma não tem outros fatores de risco trombótico e a outra é hipertensa leve controlada. Entende-se que a irmã que é hipertensa, mesmo que leve e controlada, possui risco trombótico superior ao da irmã que possui apenas a mutação. A hipertensão arterial propicia o surgimento de aterosclerose e esta pode ser uma explicação para o fato de a irmã caçula ter desenvolvido um evento arterial e com sequela. Ambas as pacientes, mesmo em heterozigose, evoluíram com eventos antes dos 40 anos de idade, favorecendo o conceito de que esta mutação aumenta o risco trombótico independente do número de alelos comprometidos. Na heterozigose desta mutação, o risco não é desprovido de relevância clínica.

Conclusão

Os casos ressaltam a significância da mutação do FVL como fator de risco para eventos tromboembólicos, mesmo em casos de heterozigose. Esse risco é ainda maior quando observadas outras causas, destacando a necessidade de mais estudos para confirmar essas associações e oferecer um acompanhamento mais assertivo para os pacientes, prevenindo agravos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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