
Avaliar a ocorrência de eventos cardiovasculares tardios em pacientes com Leucemia Mieloide Crônica (LMC) pós COVID-19.
Material e MétodosEstudo prospectivo, observacional, em andamento. Os pacientes com LMC que apresentaram COVID-19 serão seguidos por um ano após a data do COVID-19 para avaliação do aparecimento de eventos cardiovasculares. Os pacientes com LMC com que não apresentaram COVID-19 serão avaliados como grupo controle. Foram coletados dados referentes aos antecedentes cardiovasculares, fatores de risco (hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade), dados do tratamento da LMC e o surgimento de eventos cardiovasculares após a COVID-19. Eventos considerados nesta análise: hipertensão, arritmias, aterosclerose coronariana, insuficiência cardíaca, Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto.
ResultadosDo fevereiro de 2020 até junho de 2022 foram avaliados 230 pacientes com LMC quanto à ocorrências de eventos cardiovasculares, 53,5% do sexo masculino. 31% dos pacientes tinham antecedente de alguma doença ou evento cardiovascular prévio; 36% eram hipertensos, 17,8% diabéticos e 7% apresentavam dislipidemia. Tratamento atual da LMC: imatinibe 49%, dasatinibe 20%, nilotinibe 9,5%, bosutinibe 1,3%, ponatinibe 1%, TMO 0,5%, hidroxiureia 0,5%, descontinuação de terapia – 17%. Dessa população, 48 de 231 tiveram COVID-19 (21%) e houve dois casos suspeitos. A mediana de idade dos pacientes com COVID-19 foi de 49 anos (28‒85). Até o momento da análise 29/49 (60%) dos casos tinham seguimento de um ano ou mais após COVID-19. Houve 3 eventos cardiovasculares nesse período: um infarto agudo do miocárdio em um paciente em uso de dasatinibe e dois AVC, um em um paciente tratado com imatinibe e outro em um paciente de 80 anos tratado com dasatinibe. Esse paciente teve o AVC 2 meses antes de apresentar COVID-19. Não observamos eventos cardiovasculares após COVID-19 na população analisada.
DiscussãoAlém das manifestações agudas pós COVID-19, atualmente tem sido descritas complicações cardiovasculares a longo prazo em indivíduos previamente saudáveis. Tanto a infecção sintomática pelo SARS-CoV-2 quanto a assintomática está associada maior risco dessas complicações e tem efeito causal em todas as causas de mortalidade no período tardio pós COVID-19. As complicações tardias pós COVID-19 em pacientes com LMC ainda não foram estudadas. Nessa análise preliminar observamos poucos eventos cardiovasculares nos pacientes com LMC, não relacionados a COVID-19.
ConclusãoAté o momento não observamos maior risco de evento cardiovascular tardio pós COVID-19 em pacientes com LMC. Será necessário o acompanhamento por maior tempo da população estudada para melhor avaliação dos efeitos cardiovasculares tardios.