Introdução: Anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma condição clínica na qual há produção de anticorpos do tipo IgG e/ou IgM contra antígenos de superfície das hemácias culminando na destruição via ativação do complemento e do sistema reticulo-endotelial. Pode ser classificada em Primária ou Idiopática, na qual a produção de tais anticorpos ocorre de forma idiopática, ou seja, sem associação evidente com outras doenças ou condições clínicas, e secundária–na qual o fenômeno imunológico está associado a neoplasias, infecções ou doenças reumatológicas. Sua refratariedade, marcada pela persistência de hemólise e hemoglobina abaixo de 10g/dL na vigência do tratamento, é fator preponderante na definição da abordagem terapêutica, considerando sua relação com o prognóstico da doença e atentando para condições secundárias. Objetivo: Relatar um caso de anemia hemolítica autoimune refratária desenvolvida durante o tratamento de Câncer colorretal recidivado em sítio pulmonar e linfonodal. Descrição do caso: Paciente sexo feminino, 42 anos, em tratamento de neoplasia colorretal metastática diagnosticada há 3 anos. Durante este período, realizou abordagem cirúrgica seguida de quimioterapia adjuvante, com esquema de FOLFIRI, evoluindo sem resposta terapêutica satisfatória–demonstrado por exames de imagem com aumento de tecido amorfo em parede abdominal. Optou-se por interromper o tratamento após 15 ciclos de quimioterapia, devido intercorrências como mucosite, febre, astenia, infecções do trato urinário e insuficiência renal aguda. Após 3 meses, retorna à urgência com quadro febril importante, associado à fadiga, dispnéia, inapetência, astenia e dor generalizada há 3 dias, manifestando-se uma síndrome consumptiva. Aos exames, apresentava anemia grave com hemoglobina Hb 2,4g/dL, hematócrito de 7,2%, LDH 727 U/L, bilirrubina total 1,0mg/dL, bilirrubina direta 0,9mg/dL, com testes de COOMBS direto fortemente positivo às custas de IgG e anti-C3d, caracterizando AHAI por anticorpos quentes. Nos 2 meses seguintes, a paciente evoluiu com piora clínica e instabilidade hemodinâmica, sendo admitida em UTI e optado por iniciar antibioticoterapia para quadro pulmonar, transfusão de hemácias e pulsoterapia com corticoide. O laboratório demonstrou persistência da anemia com hemoglobina Hb 3,5g/dL, hematócrito 10,1%, leucocitose 16.800/mm3, plaquetopenia 65.000/mm3, creatinina 4,6mg/dL, ureia 135mg/dL, LDH 992 U/L, lactato 34mg/dL, fosfatase alcalina 1.679 U/L, TGO 62 U/L, TGP 153 U/L, GGT 385 U/L, bilirrubina total 2,8mg/dL e bilirrubina direta 2,2mg/dL. Assim, foram solicitadas culturas e iniciada com antibioticoterapia de amplo espectro. Ao mesmo tempo, foi instituída terapia com Rituximab em aplicações semanais na tentativa de reverter o quadro. Todavia, seguiu em agravamento dos sintomas, progredindo a insuficiência renal aguda e choque séptico com falência de múltiplos órgãos e óbito na unidade intensiva. Conclusão: Apesar da resposta ao tratamento convencional com uso de corticosteroides e imunoglobulinas, o curso da AHAI pode muitas vezes envolver desfechos fatais. Contudo, vê-se que a maioria dos casos crônicos são secundários a condições de base, o que corrobora significativamente para um pior prognóstico. Depreende-se, portanto, a demanda de um seguimento clínico rigoroso e prolongado.
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