Objetivos: Avaliar, por meio de uma revisão de literatura, as diferentes formas de anemias hemolíticas imunes descritas em relatos de casos de pacientes acometidos pelo vírus Sars-CoV-2, buscando correlacioná-las com a história médica pregressa e tratamentos realizados. Material e métodos: As informações para este trabalho foram obtidas por meio da pesquisa de artigos e relatos de caso publicados no ano de 2020, utilizando a base de dados Medline e a busca pelo Google Acadêmico. As palavras-chaves utilizadas foram: COVID-19; Anemia hemolítica. Foram selecionados para leitura completa os artigos que continham o tema anemia hemolítica e COVID-19 no título e/ou no resumo. As diferentes formas de anemia hemolítica descritas foram comparadas entre si de maneira descritiva. Resultados: O aparecimento de anemia hemolítica autoimune (AHAI) foi descrita em 10 pacientes com diagnóstico de COVID-19, sendo cinco deles por anticorpos quentes e os outros cinco, por frios. As comorbidades prévias mais frequentes foram hipertensão arterial e doença renal crônica, além de dois casos de linfoma da zona marginal (LZM), dois de leucemia linfocítica crônica (LLC) e dois de púrpura trombocitopênica imune (PTI). Em outro estudo, indícios laboratoriais de anemia hemolítica foram avaliadas, retrospectivamente, em 38 pacientes internados por COVID-19, encontrando níveis elevados de hemoglobina plasmática em 31 deles. Além disso, o surgimento da Síndrome de Evans foi identificada em três pacientes. A AHAI foi, em geral, tratada com corticoides e transfusões sanguíneas, e em casos de doença por crioaglutinações, o rituximabe foi usado como terapia inicial e como opção para os casos de falha terapêutica de corticoides. Discussão: Diversas complicações hematológicas foram descritas na doença pelo Sars-Cov-2 (COVID-19), especialmente os distúrbios de coagulação e hemostasia e leucopenia. Contudo, poucos casos de anemias, especialmente as hemolíticas autoimunes, foram descritos. A etiologia da AHAI pode ser idiopática ou secundária a drogas, doenças, especialmente lúpus, LLC, Linfomas não-Hodgkin, e infecções, como Mycoplasma pneumoniae evírus Epstein-Barr. A partir de alguns casos de AHIA descritos em pacientes com COVID-19, levantou-se a hipótese de o vírus Sars-cov-2 ser capaz de desencadeá-la. Os casos encontrados falam sobre pacientes que desenvolveram AHIA, com diferentes comorbidades prévias, mas todos com marcadores de inflamação sistêmica em altas concentrações: DHL, D-dímero e PCR. Apesar de a AHAI poder ser atribuída a LLC e LZM, os demais pacientes não tinham outras doenças prévias ou infecções que justificassem o aparecimento de anemia hemolítica. Além disso, sabe-se que a COVID-19 é uma doença de inflamação sistêmica, ambiente propício para o desenvolvimento de autoimunidade e hemólise. Conclusão: A associação entre a COVID-19 e o surgimento de anemias hemolíticas está sendo melhor documentada conforme avança a pandemia. A presença de anemia aguda e indicadores laboratoriais de hemólise em pacientes infectados pelo novo coronavírus reforça o acometimento sistêmico da doença e ressalta a importância da multidisciplinaridade médica, incluindo a hematologia, no combate à pandemia da COVID-19. São necessários mais estudos sobre o papel do novo coronavírus na anemia hemolítica.
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