O presente trabalho fez uma análise, a partir do relato de um caso clínico, da relação do uso crônico e excessivo de ácido mefenâmico na gênese da anemia hemolítica autoimune. A Anemia Hemolítica Autoimune (AHAI) é uma doença caracterizada pela destruição de eritrócitos consequente a produção de autoanticorpos. Muitos medicamentos podem causar anemia hemolítica autoimune e sua apresentação pode ser potencialmente fatal. Como objetivo deste trabalho, analisou-se o caso de um paciente do sexo masculino, 60 anos, branco, residente de Petrópolis - RJ, que foi admitido em agosto de 2019 no pronto socorro do Hospital Alcides Carneiro, com relato de dispnéia progressiva, fadiga importante e icterícia de início há 15 dias, e exames laboratoriais evidenciando anemia, hiperbilirrubinemia indireta e Coombs Direto positivo. A partir da história clínica apresentada e dos exames laboratoriais solicitados durante a internação foi aventada a hipótese de AHAI por uso de ácido mefenâmico. Foi prescrito metilprednisolona 1g IV 1x/dia por 3 dias, posteriormente foi substituída pela prednisona na dose de 1mg/kg/dia. Após resposta rápida e satisfatória ao uso do corticoide, e suspensão da medicação suspeita. O paciente recebeu alta hospitalar para acompanhamento no ambulatório de hematologia. A partir do caso, observamos que na suspeita de AHAI é de suma importância uma detalhada investigação da história do uso de medicações pelo paciente, sendo o ácido mefenâmico, uma potencial droga causadora desta entidade clínica.