
Leucemias agudas são neoplasias malignas hematológicas que resultam em um bloqueio da hematopoese, com repercussões sistêmicas importantes, e sua epidemiologia pode sofrer variações relacionadas às características pertinentes ao subtipo de neoplasia. O presente estudo objetiva determinar o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com leucemia aguda no estado do Rio Grande do Norte.
MetodologiaEsta investigação faz parte de um estudo de abordagem quantitativa, do tipo coorte, prospectivo, descritivo e analítico, que acompanha pacientes diagnosticados com leucemia aguda atendidos nos principais serviços de hematologia do estado do RN. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise dos dados.
ResultadosForam avaliados 47 pacientes com diagnóstico de leucemia aguda no período entre setembro de 2020 e julho de 2022, dentre os quais 61,7% eram do sexo masculino e 38,3% do sexo feminino. A idade mínima relatada foi de 6 anos e máxima de 80 anos, e idade mediana de 46,1 anos. Apenas 5 pacientes tinham 20 anos ou menos na data do diagnóstico. A maioria dos pacientes (85,1%) não possuíam plano de saúde, sendo usuários do SUS. Quanto à procedência, 40,4% (19) eram de Natal ou grande Natal e 59,6% (28) oriundos de cidades interioranas. Dos casos analisados, mais da metade apresentou diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda - LMA (68,1%), seguido de Leucemia Linfoide Aguda de células B – LLA B (19,2%) e Leucemia Linfoide Aguda de células T – LLA T (4,3%). Em relação ao desfecho clínico, 40,4% evoluíram para o óbito e 59,6% dos pacientes mantiveram-se em tratamento ou realizaram transplante de medula óssea.
DiscussãoA faixa etária e o sexo são fatores que influenciam nos padrões de mortalidade, uma vez que adolescentes e adultos jovens têm melhores taxas de sobrevivência após o diagnóstico e tratamento da doença. Os dados encontrados no grupo analisado foramsemelhantes à literatura,em que a maior incidência relatada é em pacientes do sexo masculino em idade mais avançada, e o tipo de leucemia mais prevalente em adultos é a LMA. Quanto ao desfecho, já é possível observar a alta mortalidade,no entanto, o curto período estudado ainda não permite traçar uma análise mais fidedigna da sobrevida, que em estudos hospitalares trazem taxas inferiores a 30% em 3 anos, para adultos com LMA. Leucemias agudas apresentam uma rápida progressão e, portanto, as condições socioeconômicas desfavoráveis como dificuldade de acesso a serviço especializado e elevados custos de tratamento também são determinantes para um pior prognóstico.
ConclusãoO presente estudo se mostra de relevante importância, não só para avaliação interna do serviço prestado, mas também para traçar uma linha de cuidados direcionada ao paciente diagnosticado com leucemia aguda no estado do Rio Grande do Norte e fomentar estudos e melhorias terapêuticas na área.