
Na hemoterapia, durante a fase pré-transfusional, a coleta de amostras incorretas pode ocasionar a administração de bolsa de sangue incompatível, acarretando em eventos adversos graves e até mesmo óbito. Para assegurar esta etapa, protocolos de conferência de dados (nome/ data de nascimento/ número de prontuário) através do questionamento da identificação com o próprio paciente são bem estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde e Joint Commission Internacional. No entanto, além da conferência assistencial, sistemas eletrônicos também são implementados para garantir que não ocorra falha neste processo crítico. Desta maneira, este estudo teve como objetivo analisar os dados do indicador da checagem eletrônica do ano de 2021 em um hospital quaternário de São Paulo.
MétodoForam avaliados os dados do indicador de checagem eletrônica na fase pré-transfusional, durante o período de Janeiro a Dezembro de 2021. Esta avaliação foi realizada em um hospital com cerca de 480 leitos, em diferentes setores de coleta (Unidades de terapia intensiva - UTI, Centro cirúrgico - CC, Centro de intervenção guiada por imagem – CIGI, Hemodiálise e Unidades de internação), sendo que estas foram realizadas por profissionais da enfermagem qualificados das áreas assistenciais ou especialistas em hemoterapia. O indicador foi calculado através da razão entre o número total das amostras coletadas e checadas eletronicamente em relação ao número total de amostras coletadas, para a obtenção do percentual mensal. Foram também mapeadas as causas da falha do sistema eletrônico, através do uso de um check list, em relação aos recursos humanos - RH, tecnologia de informação - TI e áreas de ocorrência. Adicionalmente, foi investigada a possibilidade de troca de amostras pré-transfusionais coletadas no período avaliado.
ResultadosNo ano de 2021 foram coletadas um total de 7864 amostras para análises pré-transfusionais, sendo que 7611 amostras foram checadas eletronicamente . Ao avaliar mensalmente os dados de 2021, foi possível constatar que o índice de checagem eletrônica foi em média 96,8%, com variação de 93,0% a 98,7% ao longo do ano (DP: 1,8%). As causas encontradas para as falhas de checagem foram associadas estritamente à Tecnologia da Informação: 70,0% (177/253) das ocorrências por falha no funcionamento do dispositivo de checagem; 15,4%, (39/253) devido à inoperância do sistema; 10,3% (26/253) referente à pendência da implantação da rotina de prescrição eletrônica nas áreas de CC, CIGI e Hemodiálise e 4,4% (11/253) a falhas pontuais do processo. Em contrapartida, não foram registradas ocorrências associadas à falha operacional da equipe de enfermagem e à troca de amostras coletadas.
DiscussãoDe acordo com os dados apresentados, é possível constatar que a checagem em sistema eletrônico ocorreu em mais de 93% das amostras coletadas em 2021. Em caso de falha deste sistema, a educação continuada para a equipe de enfermagem com ênfase no atendimento de contingência, seguindo o protocolo de dupla checagem no momento da coleta à beira leito, assegura a qualidade de todo o processo.
ConclusãoO uso deste indicador como ferramenta para monitoramento dos dados contribui diretamente para detectar as causas dos problemas e, consequentemente, para a implementação de melhorias, como a atualização de novas versões do programa e instalação do sistema em todas as áreas hospitalares, garantindo a segurança pré-transfusional.