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Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S23-S24 (outubro 2022)
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A ASSOCIAÇÃO DE MUTAÇÕES HETEROZIGÓTICAS DE β-TALASSEMIA E β-ESPECTRINA PODE RESULTAR EM UM FENÓTIPO DE ANEMIA GRAVE
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DM Albuquerque, FF Costa, GAP Machado, IM Toni, PM Campos, KY Fertrin
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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Vol. 44. Núm S2
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Introdução

A associação de mutações em genes relacionados às anemias hemolíticas hereditárias (AH) pode afetar o fenótipo da doença. Compreender sua base genética é crucial para evitar erros diagnósticos e para o manejo clínico adequado. As β-talassemias (BT) são caracterizadas por uma redução da produção de β-globina causada principalmente por mutações de ponto no gene HBB ou em regiões próximas. O desequilíbrio entre a produção das globinas α e β resulta em eritropoiese ineficaz e hemólise. A esferocitose hereditária (EH) é caracterizada por anormalidades nas proteínas da membrana eritrocitária, com esferócitos osmoticamente frágeis, graus variados de hemólise e anemia. A EH relacionada à deficiência de espectrina é clinicamente heterogênea, variando de hemólise bem compensada a anemia grave. Aqui descrevemos dois casos de pacientes com anemia hemolítica microcítica e hipocrômica grave com HbA2 elevada, clinicamente compatível com BT intermediaria ou maior. No entanto, o sequenciamento do gene HBB revelou apenas traço BT, não justificando a apresentação clínica. A pesquisa de deleções ou outras mutações para BT foi negativa. Prosseguimos então com investigação genética adicional através de exoma.

Objetivos

Investigar mutações adicionais relacionadas às AH que possam contribuir para um fenótipo de anemia grave em pacientes com traço BT.

Métodos

Dados clínico-laboratoriais foram coletados pela avaliação de prontuários. O sequenciamento do gene HBB foi inicialmente realizado por Sanger. O exoma foi realizado utilizando a plataforma Illumina HiSeq2500. O CEP da instituição aprovou a pesquisa e as pacientes assinaram TCLE.

Resultados

A paciente 1 apresentava quadro de eventual necessidade transfusional, sobrecarga hepática moderada de ferro e esplenomegalia. O esfregaço de sangue periférico mostrava hemácias microcíticas e hipocrômicas, esferócitos e eritroblastos circulantes. Seu pai era assintomático, com anemia hiperproliferativa microcítica hipocrômica leve, e sua mãe apresentava hemoglobina e reticulócitos normais. A paciente 2 apresentava dependência transfusional, hematopoiese paravertebral extramedular, sobrecarga hepática moderada de ferro, hipertensão pulmonar leve e úlceras em pernas. O esfregaço de sangue periférico mostrava hemácias microcíticas e hipocrômicas, moderada quantidade de esferócitos e eritroblastos circulantes; os dados dos seus familiares não estavam disponíveis. O exoma foi realizado e, além das mutações da β-globina previamente conhecidas, foram encontradas mutações no gene da espectrina na paciente 1 (SPTB p.Leu 880Gln) e na paciente 2 (SPTB p.Asp536Asn). O pai da paciente 1 foi diagnosticado com uma mutação heterozigótica no gene HBB, enquanto sua mãe foi diagnosticada com a mutação heterozigótica SPTB p.Leu 880Gln, clinicamente silenciosa. Ambas mutações da espectrina já foram descritas na literatura: SPTB p.Leu 880Gln foi relatada em associação com uma mutação no gene SPTA1, resultando em anemia moderada, enquanto a mutação SPTB p.Asp536Asn foi descrita em um indivíduo não anêmico.

Conclusão

Nossos resultados indicam que a associação de mutações heterozigóticas de BT e espectrina pode resultar em um fenótipo de anemia moderada a grave. Os dados mostram que, em casos de anemia grave associada com traço BT, as mutações responsáveis pela EH devem ser investigadas.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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