Mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica caracterizada pelo acúmulo de células plasmáticas malignas clonais na medula óssea. Esta patologia, até o momento, tratada sem perspectiva curativa, afeta drasticamente a vida de seus portadores, visto seu potencial impacto sistêmico, causando fraturas ósseas líticas, injúria renal, anemia e hipercalcemia. A inclusão de anticorpos monoclonais ao tratamento busca atuar nos plasmócitos malignos, induzir uma reação imune para destruir as células tumorais, postergando seu avanço.A incorporação dos anticorpos monoclonais ao arsenal terapêutico do MM, bem como o sucesso do uso em casos refratários trouxe nova esperança de modificação da história natural da doença. Dada a importância clínica dos anticorpos monoclonais no tratamento do MM; este estudo buscou avaliar a efetividade da terapia alvo na sobrevida e na manutenção da qualidade de vida dos pacientes com MM recém-diagnosticado.

Analisar os diferentes tratamentos possíveis para o MM, recém diagnosticado, com anticorpos monoclonais assim como suas implicações na mortalidade e progressão da doença.

O presente estudo é de uma revisão de literatura com enfoque no tratamento do MM, recém-diagnosticado, com anticorpos monoclonais. Foram utilizados os descritores “Multiple Myeloma”, “Therapeutics” e “Antibodies, Monoclonal” juntamente a busca avançada com os operadores booleanos AND e OR. A plataforma de busca escolhida foi PubMed e os critérios de inclusão utilizados foram: artigos publicados nos últimos 3 anos, disponibilizados gratuitamente, nas categorias de revisão sistemática ou ensaio clínico randomizado, nos idiomas português e inglês e com foco em seres humanos. Os critérios de exclusão, com base na leitura do resumo, foram artigos que abordassem o tratamento refratário do mieloma múltiplo.

Foram encontrados 57 artigos, destes, 44 foram excluídos após leitura do título e resumo por relevância e duplicidade. Dos 14 artigos selecionados para leitura do texto completo, 3 foram excluídos pela não obtenção do texto completo. Foram, portanto, estudados 11 artigos; 6 ensaios clínicos e 5 revisões com metanálise e a maioria dos pacientes era inelegível ao transplante medula óssea autólogo. A maioria dos estudos encontrou resultados positivos no tratamento com anticorpos monoclonais nos pacientes, como melhora nas taxas de remissão completa, inclusive com maior tempo de doença residual mínima negativa e na sobrevida livre de doença, além de resposta clínica da sintomatologia mais precoce e sustentada. Daratumumabe foi o principal anticorpo monoclonal estudado. Apenas 1 ensaio clínico avaliou esquemas utilizando elotuzumabe e, neste, não houve diferença na sobrevida global entre os pacientes dos dois grupos.

Conclui-se então que o tratamento de mieloma múltiplo no geral com anticorpos monoclonais tem se mostrado muito promissor, tanto no que se diz respeito à mortalidade quanto sobrevida livre de progressão. Entretanto, tratando-se do tratamento do MM de alto risco, os resultados vistos no único artigo disponível, não mostraram ser significativos, não havendo melhora dos pacientes.