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Vol. 45. Issue S4.
HEMO 2023
Pages S71-S72 (October 2023)
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HEMO 2023
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NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA ANEMIA FALCIFORME, UM DESAFIO EM SAÚDE PÚBLICA: RELATO DE CASO
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SR Souzaa, CC Juniora, R Nedera,b
a Instituto de Educação Médica (IDOMED), Faculdade de Medicina, Universidade Estácio de Sá (UNESA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Hospital Municipal Miguel Couto (HMMC), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Vol. 45. Issue S4

HEMO 2023

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Introdução

A anemia falciforme (AF) decorre de mutações genéticas herdadas no estado homozigótico, cuja fisiopatogenia compreende eritrofalciformação, hemólise intravascular, anemia hemolítica crônica, vasculopatia proliferativa, alterações endoteliais e consequente estado inflamatório crônico, infecções, hipercoagulabilidade, desencadeando todo o curso crônico da doença. O objetivo do presente relato de caso é contextualizar a importância de estratégias de educação em saúde que contribuam para a adesão ao tratamento e o sucesso no controle da AF.

Relato de caso

G. S. S., feminino, 22 anos, portadora de doença falciforme sem acompanhamento há 10 anos, é admitida com febre (38ºC) há 3 dias, associada a cefaleia, mialgia intensa (caracterizando crise falcêmica), êmese de coloração amarelada e dor abdominal predominante em região gástrica, irradiando para quadrante superior direito (QSD). Ao exame físico, paciente em regular estado geral, orientada, hipocorada, hidratada, ictérica 4+/4+, acianótica, com perfusão capilar periférica satisfatória. Abdômen flácido, peristáltico em ausculta, timpânico à percussão, doloroso à palpação superficial e profunda em QSD, com sinais de defesa abdominal, fígado palpável a 12 cm do rebordo costal, baço ausente. Laboratório: hematócrito: 16%, hemoglobina: 5,1 mg/dL, leucócitos: 23.700 (9% bastões e 74% segmentados), bilirrubina total: 19,84 mg/dL, bilirrubina direta: 9,64 mg/dL, PCR: 17 mg/dL, soro ictérico. Hematoscopia: presença de drepanócitos e esquizócitos. Tomografia computadorizada evidenciou fígado com dimensões aumentadas, colelitíase, baço não caracterizado em seu aspecto habitual, com calcificação laminar em sua topografia, podendo corresponder a alteração residual. Iniciada antibioticoterapia e hidroxiureia, feita transfusão de 2 concentrados de hemácias. Em visitas subsequentes, paciente relata que ao longo de sua infância e adolescência teve várias crises álgicas, sempre ficando extremamente ictérica e que sua mãe decidiu não a levar mais para acompanhamento no ambulatório da Unidade de Saúde de referência porque “ela não ia se curar mesmo”. Após 12 dias de internação houve melhora significativa do quadro, com alta hospitalar e recomendação para que a paciente retome seu acompanhamento na Unidade de Saúde de referência.

Conclusão

Já está bem estabelecido em literatura que o paciente adere ao tratamento de forma muito mais satisfatória quando compreende a fisiopatologia do quadro clínico que o acomete e o mecanismo de ação do tratamento proposto. Neste contexto, o entendimento da AF pela paciente objeto do presente relato e de seus familiares é crucial para a adesão ao tratamento e a diminuição do risco de desfechos fatais, precedidos por episódios agudos, como a síndrome torácica aguda, ou seja, reduzindo a morbimortalidade por AF. Desta forma, campanhas de educação em saúde que abordem o manejo da AF para a população, em linguagem acessível, podem contribuir para o correto acompanhamento ambulatorial, com adequado tratamento. Paralelamente, urge o mapeamento das fragilidades na longitudinalidade do cuidado pela Atenção Básica, que tem por atribuição a identificação de fatores de risco para AF, da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado, bem como o acompanhamento do paciente, objetivando melhor resultado terapêutico e prognóstico.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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