O presente trabalho tem o objetivo de relatar o diagnóstico de recidiva de neuroblastoma em um paciente pediátrico diagnosticado pelo método de citometria de fluxo (CF) e morfologia.

O presente caso foi realizado em julho/2022 em um laboratório privado conveniado a um hospital pediátrico de referência estadual. Foi realizada a análise de material de medula óssea por Citometria de fluxo e análise morfológica, de um paciente masculino de 7 anos de idade, apresentando suspeita clínica de recidiva de neuroblastoma. Os protocolos de preparação/marcação da amostra foram realizados de acordo com o protocolo Euroflow e a aquisição em equipamento FACS CANTO II, análise dados realizada com software Infinicyt e as lâminas coradas pelo método de Giemsa. Os dados clínicos foram obtidos conforme descrição da solicitação médica ao momento do encaminhamento.

Após remissão inicial do tumor em 2017, paciente apresentou queda do estado geral, dificuldade para deambular e lesão cística em região dorsal do tronco, sendo realizada investigação laboratorial devida à suspeita clínica de recidiva tumoral. A CF revelou 99,4% de células com expressão de CD56, CD57, CD81, CD9, CD90 e ausência de expressão de CD99 e CD45, características típicas de células de neuroblastoma. A análise morfológica evidenciou 60,6% de células mononucleares de grande tamanho, dispostas isoladamente e em grumos, citoplasma escasso e discretamente basofílico, núcleo globoso com cromatina moderadamente reticulada e com nucléolos evidentes, semelhantes às células não hematológicas. Diante das características dessas células, concluiu-se que se tratava de infiltração medular por neoplasia não hematológica sugestivo de neuroblastoma.

O diagnóstico precoce do câncer pediátrico é fundamental para o manejo adequado do paciente. Embora a citometria de fluxo multiparamétrica tenha se mostrado de grande utilidade no diagnóstico e classificação de neoplasias hematológicas, sua aplicação em tumores não hematopoiéticos permanece limitada. O neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano mais frequente na infância e para o seu diagnóstico são necessários vários métodos complementares (radiológicos, biológicos e bioquímicos), sendo a citometria de fluxo um potencial método de diagnóstico. As características imunofenotípicas evidenciadas nesse paciente tais como ausência de CD45 e CD99 e co-expressão de CD56+, CD90+, CD81+ e CD9+ são concordantes com os dados descritos na literatura, assim como o padrão morfológico de células mononucleares com características semelhantes a células blásticas.

A imunofenotipagem de medula óssea com um painel ampliado, juntamente com a análise morfológica permitiu fazer o diagnóstico laboratorial de forma rápida e efetiva, sendo fundamental para a implementação de uma conduta terapêutica adequada para o paciente.