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Vol. 44. Issue S2.
Pages S176-S177 (October 2022)
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Pages S176-S177 (October 2022)
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HIPOGLICEMIA ASSOCIADA AO USO DE ASPARAGINASE EM TERAPIA DE INDUÇÃO PARA LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA: RELATO DE CASO
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AMC Sousa, FS Azevedo, PL Zenero, AAGS Brandão, EM Rego, V Rocha
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Objetivos

A asparagina é um aminoácido não essencial com participação no metabolismo e divisão celular. A asparaginase (L-Asp) é uma enzima com potencial antitumoral porque reduz a asparagina sintetizada pelas células leucêmicas, sendo utilizada nos protocolos pediátricos de leucemia linfoblástica aguda (LLA). No entanto, a L-Asp é associada a eventos adversos: coagulopatia, pancreatite aguda, reação de hipersensibilidade, hepatoxicidade e disglicemias. Apresentamos um caso de adulto jovem diagnosticado com LLA que desenvolveu hipoglicemia induzida por asparaginase peguilada (Peg-asparaginase) no serviço de Hematologia HCFMUSP.

Material e métodos

Coleta de dados de prontuário clínico e revisão de literatura.

Resultados

Masculino, 28 anos, diagnóstico de LLA-T cortical, com infiltração de sistema nervoso central, apresentação clínica com hemoglobina 6,9 g/dL, leucometria 285 mil/mm3 com 248 mil/mm3 de blastos e plaquetometria 50 mil/mm3. Iniciou a pré-fase com prednisona 60 mg/m2/dia por sete dias, com episódios de hiperglicemia associada a corticoide. A terapia de indução com BFM 86 adaptado com início em 21 de maio de 2022, o qual inclui prednisona 60 mg/m2 do dia 1-14, com desmame até suspensão no D28, além de vincristina e daunorrubicina nos dias 1, 8, 15, 22 e Peg-Asparaginase 2000 UI/m2 nos dias 12 e 26. Cinco dias após a infusão da Peg-asparaginase desenvolveu hipoglicemia de jejum (54 mg/dL) sintomática. Devido persistência das hipoglicemias em vigência do infusão intravenosa de solução glicosada, aventada hipótese de hiperinsulinismo, e coletada glicemia sérica, insulina e peptídeo C no momento da hipoglicemia, os respectivos resultados são: 51 mg/dL (70 - 99 mg/dL), 379,4 μU/mL (2,6 - 24,9 μU/mL) e 23,53 (1,1 a 4,4 ng/mL). Os exames de função renal, hepática e tireoidiana sem alterações. O mesmo persistiu com hipoglicemia apesar de terapia otimizada com solução glicosada e refeições regulares, glicemia de jejum entre 51 e 70 mg/dL do dia 17-31 do protocolo de quimioterapia. Após 20 dias da primeira aplicação da Peg-asparaginase houve normalização da glicemia, quando foi instituído desmame lento de prednisona. Paciente recebeu alta no dia 35 do ciclo de quimioterapia para seguimento de protocolo ambulatorial.

Discussão

O uso da L-asp em protocolos de quimioterapia de inspiração pediátrica em adultos jovens melhorou os desfechos da LLA nesta população, porém são conhecidos os efeitos colaterais secundários a sua aplicação. O primeiro relato de hipoglicemia induzida pela L-asp data de 2012, e posteriormente uma casuística indiana com 146 pacientes evidencia incidência de 11,6% desta complicação, sendo a mesma mais prevalente na população infantil, não limitante para o uso da droga, associado a hiperinsulinemia e reversível com sua suspensão. Diante do exposto, observa-se a relação temporal entre a aplicação da Peg-asparaginase e o desenvolvimento de hipoglicemia, sem outro fator causal.

Conclusão

Apesar da extrema importância da asparaginase em protocolos de quimioterapia, a sua aplicação deve ser monitorizada, com contraindicações e complicações que devem ser prontamente reconhecidas pela equipe de assistência.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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