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Vol. 42. Issue S2.
Pages 533-534 (November 2020)
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EVOLUÇÃO DESFAVORÁVEL EM INFECÇÃO POR SARS-COV-2 EM PACIENTE COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA
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J.S. Limaa, A.C. Menezesa, A.A.K. Johanna, L. Ribeiroa, V.B. Noceraa, B.S.L. Wan-Dallb
a Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba, Curitiba, PR, Brasil
b Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Relato: OAMJ, 75 anos, masculino, diagnóstico de leucemia mielóide crônica (LMC), em tratamento com imatinibe, em remissão molecular maior. Antecedentes de diabetes, hipertensão, dislipidemia e doença arterial coronariana com angioplastia prévia. Paciente apresentou febre em 19/06/2020, realizado RT-PCR positivo para SARS-CoV-2 em 20/06. Foi admitido no hospital em 22/06 e iniciado tratamento com corticóide, enoxaparina e sintomáticos porém evoluiu com hemoptise, dessaturação e piora na febre sendo transferido para a UTI. Evoluiu insuficiência respiratória e necessitou de ventilação mecânica a partir de 23/06, associado a antibioticoterapia de amplo espectro e interrupção do tratamento de base com imatinibe. Na evolução apresentava-se com bons parâmetros ventilatórios porém fez duas paradas cardiorrespiratórias em 29/06, uma de 8 minutos e outra de 5 minutos, seguidas de crises convulsivas. A etiologia não foi estabelecida, porém a principal hipótese foi tromboembolismo pulmonar, não confirmada pois paciente não tinha condições clínicas de angiotomografia. Evoluiu com encefalopatia, comprovada por eletroencefalograma e exames de imagem, mostrando severa lesão hipóxica e metabólica cerebral. Necessitou de hemodiálise devido a disfunção renal severa e desenvolveu infecção fúngica pulmonar, precisando antibioticoterapia antifúngica. Paciente segue com quadro clínico inalterado em 12/08, com glasgow 6 e sem sinais de recidiva da LMC. Discussão: A terapia com inibidores de tirosinoquinase (TKI) em pacientes com LMC em fase crônica, em geral, não implica em estado de imunossupressão significativa, e, até o momento, não há evidências que estes pacientes tenham maior risco de contrair infecção por SARS-CoV-2 ou de apresentar a forma mais grave da doença quando comparados com a população em geral. As recomendações atuais são de manutenção do tratamento com TKI em formas leves da infecção, e para casos graves, a interrupção da terapia deve ser discutida individualmente. O efeitos adversos associados aos TKI, como hipertensão portal e derrame pleural, mais comumente vistos durante o uso de TKI de segunda geração, como dasatinibe, podem agravar o quadro clínico da infecção viral. Para estes pacientes (que apresentam evento adverso ao inibidor e desenvolver COVID-19) deve-se considerar interromper o TKI a fim de causar menor morbidade pulmonar. Em 2014, os TKI foram testados contra outros tipos de coronavírus. Imatinibe e dasatinibe mostraram-se ativos contra MERS-CoV e SARS-CoV, enquanto que nilotinibe foi ativo contra SARS-CoV. Os autores sugerem que a inibição das vias de sinalização celular dependentes da tirosinoquinase ABL seja crucial para inibição da replicação viral. Há um estudo em andamento, randomizado, controlado com placebo, para avaliação da utilização de imatinibe em pacientes com COVID-19. Conclusão: Mediante o exposto, entendemos que apesar de todos os dados de literatura até o momento demonstraram um perfil favorável de evolução em pacientes com LMC e infectados por SARS-Cov-2, outras variáveis devem ser consideradas na avaliação individual do paciente. Juntos, todos os fatores podem contribuir para desfechos graves, como no relato apresentado.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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