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Vol. 42. Issue S2.
Pages 521-522 (November 2020)
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COMPLICAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À INFECÇÃO POR SARS-COV-2 EM PACIENTE COM MIELOMA MÚLTIPLO: UM RELATO DE CASO
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J.S. Limaa, V.B. Noceraa, A.A.K. Johanna, B.S.L. Wan-Dallb, L. Ribeiroa, A.C. Menezesa
a Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba, Curitiba, PR, Brasil
b Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Relato: FSF, diagnóstico mieloma múltiplo IgG, indice prognóstico internacional (ISS) II, Durie-Salmon III, em julho de 2020, antecendentes de diabetes, hipertensão arterial sistêmica, coronariopatia, marca-passo e dislipidemia. Iniciou quimioterapia com bortezomibe e dexametasona em pulsos em 16 de julho. Após 12 dias do início do tratamento apresentou quadro febril, tosse e dessaturação, tomografia demonstrou lesões em vidro fosco e exame de swab nasal por PCR foi positivo para Sars-CoV-2. Foi tratado conforme protocolo da instituição recebendo antibioticoterapia, dexametasona e enoxaparina. No décimo dia da infecção pelo Sars-CoV-2 apresentou dor torácica atípica de forte intensidade, com aumento progressivo das enzimas cardíacas e instabilidade hemodinâmica, transferido para UTI, realizado cateterismo cardíaco que não demonstrou lesões coronárias, apenas prejuízo função cardíaca. Submetido a ressonância magnética cardíaca que demonstrou área inativa em parede inferior. Apresentou taquicardia ventricular e após estabilização clínica foi submetido a novo cateterismo cardiaco, porém evoluiu com choque cardiogênico refratário e óbito em 15/08/2020. Discussão: Evidências apontam que a infecção por coronavírus 19 (COVID-19) em pacientes com doenças hematológicas malignas está associada a quadros mais severos, com mais chance de desenvolverem a forma fatal. Associa-se esse quadro ao tratamento imunossupressor, além da disfunção imune que a neoplasia em si causa, sendo que o aumento da letalidade desses pacientes pode estar relacionado a co-infecção com bactérias. Entretanto, vários fatores confundidores se associam, como o fato de que muitos pacientes onco hematológicos apresentam comorbidades associadas, como hipertensão, idade avançada, obesidade e doenças cardiovasculares, que são fatores de risco conhecidos por agravar o quadro de infecção por Sars-CoV-2. Em cardiopatas e hipertensos, é frequente a elevação de enzimas cardíacas relacionadas à casos severos de COVID-19, que pode estar associado à miocardites, isquemia e arritmias. Além disso, pacientes com mieloma múltiplo são de 7 a 10 vezes mais susceptíveis a infecções bacterianas e virais, sendo que o seu tratamento leva a deficiência imune humoral, hipogamaglobulinemia e prejuízo na resposta de células-B. Em caso de infecção sintomática por COVID-19, o tratamento anti-mieloma deve ser suspenso até recuperação. Conclusão: As altas taxas de hospitalizações de pacientes onco hematológicos devido a periodicidade de seu tratamento podem aumentar a chance de infecções nosocomiais por COVID-19. Portanto, o ideal seria adiar o tratamento específico para a doença de base quando possível e tomar medidas de precaução especiais para o isolamento desses pacientes no ambiente hospitalar além de orientar medidas de isolamento domiciliar. É importante fazer o diagnóstico diferencial de outras infecções microbiológicas nesses pacientes, que podem apresentar quadros clínicos semelhantes. Além disso, é necessário uma monitorização próxima para complicações relacionadas ao COVID-19, já que a intervenção precoce é uma das principais ferramentas para controle da morbimortalidade, haja vista a falta de estratégias terapêuticas disponíveis contra a doença.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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