Objetivos: Avaliar e discutir o risco de eventos tromboembólicos em pacientes com COVID-19. Material e métodos: Trata-se de revisão sistemática da literatura, com a busca de artigos científicos na base de dados PubMed, com a utilização dos descritores: “deep vein thrombosis AND COVID-19”. Foram encontrados 16 artigos, mas somente 8 foram selecionados, por se adequarem melhor aos objetivos do presente estudo. Os critérios de inclusão foram: artigos de revisão publicados no último ano, disponíveis gratuitamente, em inglês e pesquisados em seres humanos. Resultados: De acordo com os artigos analisados, os casos de tromboembolismo venoso (TEV) foram discutidos em 4 artigos dos 8 analisados, com taxa de incidência variando de 20 a 58%, e todos eles concordavam sobre índices mais altos de TEV em pacientes graves, principalmente aqueles internados em Unidade de Terapia Intensiva. Dois artigos concordaram com a ocorrência de 3% de acidente vascular cerebral. Além disso, outro fato importante observado, na maioria dos artigos, foi que a maior parte dos pacientes, que apresentava TEV, possuía índices elevados de dímero-D; esses índices também estavam mais elevados em pacientes mais graves. Em 2 artigos, foi demonstrado que, aproximadamente, 36% dos pacientes apresentam trombocitopenia. Quanto à aparição de embolia pulmonar (EP), 4 estudos variam de 16,7 a 40%, sendo que 33% foi a prevalência de EP em 2 desses 4 artigos. Dois artigos relataram casos de coagulação intravascular disseminada (DIC), com ambos preenchendo os critérios DIC da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH); um deles relatou que 71% dos pacientes, que morreram por COVID-19, apresentaram DIC, enquanto o outro, relatou que 8,7% dos pacientes apresentaram DIC. Discussão: Embora a doença associada à COVID-19 se manifeste, principalmente, nos pulmões, foi demonstrado pode se manifesta em outros sistemas orgânicos. Dados clínicos e patológicos recentes demonstraram associação entre COVID-19 e coagulopatias, que podem se manifestar como: embolia pulmonar, trombose venosa, entre outros. À luz desses achados, vários grupos profissionais recomendaram anticoaguloterapia em todos os pacientes hospitalizados com COVID-19. No entanto, o risco trombótico é elevado apesar do uso de profilaxia anticoagulante, mas as doses ideais ainda não foram estabelecidas, salientando a necessidade de resultados de estudos randomizados com relação à profilaxia antitrombótica. Tanto a trombocitopenia quanto o dímero-D elevado podem ser explicados pela ativação excessiva da cascata de coagulação e das plaquetas. As infecções virais desencadeiam resposta inflamatória sistêmica e causam desequilíbrio entre os mecanismos homeostáticos pró-coagulante e anticoagulante, por meio da modulação de várias proteínas da coagulação. Conclusão: Algumas complicações potenciais da COVID-19 podem levar a um mau prognóstico. Assim, tanto a avaliação do risco trombótico quanto a prevenção de TEV são componentes importantes do tratamento complexo e abrangente da infecção por SARS-CoV-2. Nesse sentido, avaliações repetidas e estratégias otimizadas são necessárias para reduzir a ocorrência de TEV e prevenir incidências fatais de EP e, efetivamente, garantir a segurança dos pacientes e promover a recuperação precoce.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 533 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 533 (novembro 2020)
898
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EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS EM PACIENTES COM COVID-19: REVISÃO SISTEMÁTICA
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T.C.A. Gomes, B.M.S. Gomes, J.F. Carneiro, M.S. Castro, A.M.T.C. Silva
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, GO, Brasil
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