A terapia transfusional consiste na administração intravenosa de componentes sanguíneos e é de suma importância para o tratamento de suporte nas doenças graves, como as onco-hematológicas e hematológicas, bem como nos casos de traumatismos com hemorragias severas, distúrbios de coagulação, entre outros. Neste cenário nota-se que para que haja assertividade nas prescrições e segurança transfusional, a equipe de saúde precisa estar adequadamente orientada sobre o uso racional do sangue, compatibilidade doador-receptor, procedimentos especiais e terapias avançadas que podem ser um diferencial na recuperação dos pacientes. Objetivou-se construir um material educativo impresso com foco na terapia transfusional e prevenção de reações adversas. Trata-se de um estudo metodológico para a elaboração de material educativo, desenvolvido no período de janeiro a junho de 2023. Determinaram-se as demandas educacionais de acordo com a assertividade das prescrições médicas e ocorrência de reações transfusionais que poderiam ter sido prevenidas por meio de procedimentos especiais. Em seguida realizou-se a seleção dos conteúdos e ilustrações, a partir de entrevistas com o corpo clínico, biomédicos e enfermeiros dos hospitais atendidos pelo IHHS. Realizou-se a redação, construção, layout do material e posterior validação por especialistas. Para a validação de conteúdo utilizou-se como parâmetro o Level Content Validity Index maior que 0,8.

O material educativo (brochura com três dobras frente e verso) foi elaborado para profissionais de saúde que atuam diretamente no suporte hemoterápico, visando esclarecer os principais tópicos que podem influenciar na qualidade e na segurança transfusional. Abordou a compatibilidade ABO e RhD nas transfusões, o uso de concentrados de hemácias heterogrupo, procedimentos especiais em hemoterapia (desleucocitação, irradiação, lavagem com solução salina e fenotipagem), bem como suas devidas indicações para minimizar as chances de ocorrência de reações transfusionais de acordo com a Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde e o Manual para o Sistema Nacional de Hemovigilância no Brasil da ANVISA (2022). Foi abordada também a plasmaférese terapêutica e suas indicações em consonância com as diretrizes da American Society for Apheresis (2023), visto que a maioria do corpo clínico abordado no estudo não sabia definir precisamente as indicações do procedimento. A validação foi realizada por 16 juízes multiprofissionais que atuam em hemoterapia há mais de 5 anos e laboram em um ou mais hospitais atendidos pelo IHHS. Todos os itens foram considerados adequados pelos juízes e a média obtida com o referido índice foi de 0,97. Foram consideradas também a análise qualitativa das considerações e sugestões dos juízes, segundo o grau de concordância do conteúdo, possibilitando a versão final do material. A falta de conhecimento especifico em hemoterapia pode resultar em terapias inadequadas e maior incidência de reações transfusionais. Deste modo, evidencia-se a importância de instrumentos educativos aplicáveis na prática para possibilitar melhor acesso à informação dos profissionais da saúde.

O material educativo foi validado quanto ao conteúdo, clareza, linguagem, aplicabilidade e aparência junto a especialistas na temática. Como desfecho secundário, o IHHS implementou a distribuição do material educativo nos hospitais clientes, buscando a orientação do maior número de profissionais gerando reflexos positivos diante da terapia transfusional e ações de hemovigilância.