Avaliar a eficácia clínica da detecção de clonalidade de linfócitos T por citometria de fluxo, utilizando um novo tubo de oito cores que inclui o marcador TRBC1.

Para avaliação de clonalidade T, validamos recentemente um tubo de oito cores que inclui o TRBC1 (clone JOVI-1) combinado com anticorpos para identificação das subpopulações T (CD3, CD4, CD8 e CD45), assim como antígenos que ajudam a identificar a população com imunofenótipo anômalo (CD7, CD5 e CD57). O tubo de clonalidade T foi realizado quando o tubo de triagem de neoplasias linfoproliferativas apresentava relação CD4 e CD8 alterada (< 0,4 ou > 5), alterações de expressão dos marcadores de linhagem T (diminuição de expressão do CD3 e CD5) ou quando o clínico incluía uma neoplasia de células T maduras no diagnóstico diferencial. As amostras foram adquiridas no citômetro FACSLyric e analisadas pelo software Infinicyt. Para definição de clonalidade, a expressão de TRBC1 deve ser inferior a 15% ou superior a 95% na população de linfócitos T estudados.

Foram avaliados 97 casos com suspeita de neoplasia linfoproliferativa T (idade média 53 anos, 1-94a, 36 homens e 61 mulheres) coletadas entre março a julho de 2022. Dentre as amostras analisadas, 74 eram de sangue periférico, 18 medulas óssea, 3 seromas de mama e dois fragmentos de linfonodo. O tubo de TRBC1 detectou clonalidade de linfócitos T em 29 amostras (29,9%), sendo o TRBC1 negativo em 14 casos e TRBC1 positivo em 15 casos. 68 casos apresentaram padrão policlonal (70,1%). O tamanho médio da população T clonal foi de 29% (3 a 74%) No sangue periférico, a contagem absoluta de linfócitos T clonais foi de 5.371/mm3 (87 a 40730/mm3). Dentre os casos clonais, 18 apresentavam fenótipo de leucemia de grandes linfócitos granulares, 2 leucemia/linfoma de células T do adulto, 3 com Síndrome de Sézary e 6 casos de linfoma T periférico NOS.

As neoplasias de células T maduras são doenças heterogêneas caracterizadas por um amplo espectro de achados citológicos e histológicos, que, às vezes, se sobrepõem àqueles observados em linfoproliferações reacionais. Recentemente, o TRBC1 foi proposto como marcador potencial para avaliação da clonalidade de células T por citometria de fluxo, uma vez que permite a identificação rápida e precisa de populações de células T clonais. Esse anticorpo é direcionado contra um dos dois domínios constantes e mutuamente exclusivos da cadeia beta de TCR (TRBC1 e TRBC2) selecionados aleatoriamente durante o rearranjo do gene TCR. Como única limitação, o exame só não pode ser realizado em linfomas T que expressam TCR-gama-delta, o que, no entanto, corresponde a menos de 1% desses casos.

O tubo de clonalidade T utilizando o antígeno TRBC1 constitui uma forma simples, barata e robusta para a detecção de clonalidade de linfócitos T por citometria de fluxo. Quando utilizado da forma apropriada, o tubo permite a identificação de populações de linfócitos T clonais em quase 30% de casos com suspeita de neoplasia linfoproliferativa T.