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Vol. 44. Issue S2.
Pages S254-S255 (October 2022)
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Pages S254-S255 (October 2022)
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AMILOIDOSE CARDÍACA: UM RELATO DE CASO
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CE Wiggers, CK Weber, ET Calvache, EW Corrêa, RS Ferrelli, T Callai, V Predebon, VR Siqueira, TB Soares, AA Paz
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Introdução

A amiloidose é uma doença que resulta do depósito de proteína extracelular nos tecidos moles e órgãos, sendo os tipos mais comuns a amiloidose de cadeias leves (AL) e a transtiretinoína (ATTR). No caso da Amiloidose Cardíaca (AC), devemos suspeitar em pacientes que se apresentam com hipertrofia ventricular esquerda não explicada e envolvimento orgânico sistêmico como neuropatia, anemia, insuficiência renal, sangramento, trombose, disautonomia e distúrbios de condução atrioventricular. A AC é uma causa de ICFEp e estão surgindo terapias modificadoras do curso natural da doença, capaz de prolongar a sobrevida dos pacientes acometidos, com a melhora dos desfechos principalmente em casos de detecção precoce.

Objetivo

Relatar o diagnóstico e a escolha do tratamento para uma paciente com AC confirmada durante internação em hospital terciário de Porto Alegre.

Relato do caso

Paciente feminina, de 54 anos, previamente com HAS, com três internações nos últimos 6 meses por quadro de dispneia aos esforços iniciada em 2018, em piora progressiva, agora aos mínimos esforços, associada a tosse, fadiga, dispneia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Em investigação realizada foram descartadas outras causas de dispneia após cintilografia de perfusão pulmonar, espirometria e TC de tórax e se levantou a suspeita de amilose cardíaca após ecocardiograma transtorácico que descreveu ventriculo esquerdo com hipertrofia concêntrica, hipocinesia difusa com leve disfunção sistólica global e disfunção diastólica grave com aumento nas pressões de enchimento e padrão restritivo com FEVE 50%, corroborado por RNM cardíaca também sugestiva da patologia e cadeias leves com relação Kappa/Lambda 0,01 (L 733,9 — K 9,4). A investigação foi continuada por biópsia de gordura abdominal negativa para o vermelho do congo. Pela história e exames compatíveis, a paciente foi avaliada pela equipe da hematologia com medulograma hipercelular (65%), 19% de plasmócitos, alguns com aspecto displásico, seguido por biópsia de endomiocárdio que mostrou fragmentos de músculo cardíaco com depósitos intersticiais e perivasculares de substância amorfa eosinofílica com a coloração de vermelho do congo positivo e confirmou o diagnóstico de AC em estágio III (BNP 2016 pg/mL — Troponina 752 pg/mL). Após o diagnóstico confirmado, foi solicitado espectrometria de massa que confirmou amiloidose por cadeias leves. Iniciamos o tratamento com CyBorD (Ciclofosfamida, bortezomibe e dexametasona), com plano de posterior reavaliação da doença e avaliação para transplante de medula óssea (TCTH).

Discussão

A detecção precoce da AC é importante para melhorar os desfechos dos pacientes e é possível através de imagem cardíaca, avaliação para gamopatia monoclonal e tipagem da proteína amiloide. Assim como o fluxo seguido no caso, a partir da investigação inicial de cadeias leves monoclonais com relação alterada em pacientes suspeitos, deve-se seguir com biópsia de tecidos periféricos com avaliação para o vermelho do congo e espectrometria de massa para definir a proteína amiloide depositada no tecido. Após a confirmação do diagnóstico, feito o estadiamento, neste caso estágio III, por BNP e troponina acima do ponto de corte - que correspondem a uma sobrevida média de 20 meses. Definido, então, o plano terapêutico com foco em quimioterapia com medicamentos antiplasmocitários, seguido por avaliação para TCTH por ser uma paciente elegível e esta última opção apresentar benefícios como a obtenção de altas taxas de resposta hematológica, redução da produção e reabsorção amiloide com melhora orgânica e aumento da sobrevida.

Conclusão

O diagnóstico e tratamento de AC pode se demonstrar como um desafio na prática médica, mas com melhores desfechos ao diagnosticar precocemente e definir tratamento em conjunto com a equipe de hematologia.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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