HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO diagnóstico das neoplasias de linfócitos T representa um desafio clínico-laboratorial, exigindo a avaliação de múltiplos fatores, como histórico clínico, exames morfológicos, imunofenotípicos e genéticos. A diferenciação entre linfocitose reacional e condições neoplásicas é particularmente complexa, principalmente devido à ausência de anticorpos monoclonais específicos para identificar linfócitos T monoclonais. Atualmente, a pesquisa dos rearranjos do receptor de células T (TCR) por biologia molecular é o método mais utilizado para superar essa dificuldade. No entanto, trata-se de uma técnica de alto custo, complexa e sujeita a falsos positivos, especialmente em condições inflamatórias. Sabe-se que, durante o rearranjo gênico dos linfócitos T, quando há expressão do TCR alfa-beta, duas regiões constantes podem ser formadas: TRBC1 e TRBC2. Cada linfócito expressa irreversivelmente apenas uma dessas regiões, assim, a análise dessas isoformas, por citometria de fluxo, pode implicar em uma avaliação mais sensível e específica da população clonal, permitindo uma separação mais precisa das células.
ObjetivosAvaliar a aplicação isolada do anticorpo monoclonal TRBC1 e comparar com sua utilização em conjunto com o anti-TRBC2, a fim de avaliar o desempenho dos anticorpos combinados e validar sua aplicação no laboratório de citometria de fluxo.
Material e métodosForam analisadas 20 amostras, distribuídas em 3 grandes grupos, sendo: controle, doente e casos em investigação. Para realizar a análise comparativa, adotamos a avaliação isolada do TRBC1 como padrão-ouro e, posteriormente, analisamos os mesmos casos utilizando a combinação dos anticorpos TRBC1 e TRBC2, de acordo com a população celular, CD4 ou CD8.
ResultadosDurante a análise isolada do TRBC1, percebemos que 70% dos casos apresentaram policlonalidade, enquanto 30% se mostraram clonais, ao passo que ao avaliar em conjunto o TRBC1 com o TRBC2, encontramos 65% de casos policlonais e 35% clonais, atribuímos esta diferença à maior facilidade em separar as populações ao usar os anticorpos em conjunto, uma vez que a utilização isolada do TRBC1 pode ficar arrastada quando analisada contra o SSC. Apenas em casos onde se observou imunofenótipo anômalo foi identificada monoclonalidade pela avaliação do TRBC1, ao passo que 23,8% dos casos em que a pesquisa de monoclonalidade foi realizada por biologia molecular apresentavam imunofenótipo normal, confirmando que a avaliação de monoclonalidade T por biologia molecular apresenta alta sensibilidade e baixa especificidade na triagem destas doenças.
Discussão e conclusãoA análise do TRBC1 em conjunto com o TRBC2 se mostrou sensível e específica, quando comparada ao padrão-ouro utilizado no laboratório de citometria de fluxo (TRBC1 isolado), demonstrando maior facilidade em separar as populações celulares, principalmente em casos difíceis, cujo a expressão do TRBC1 se mostra fraca ou de difícil separação. Ademais, o ponto de corte mais utilizado estabelecido pela literatura (<15% ou >85%) pode não indicar o melhor ponto de separação, tornando ocasionais casos limítrofes ou falsos-negativos. Desta forma, faz-se necessário mais estudos em relação ao valor de referência para a análise desses anticorpos em conjunto.




