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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1188
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USO DE RECUPERAÇÃO INTRAOPERATÓRIA SANGUE (RIS) EM OBSTETRÍCIA
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17
SC Miyaji, FCV Perini, SD Vieira, CRA Monteiro, F Akil
GSH, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A RIS é um procedimento bem documentado como estratégia de conservação do próprio sangue durante cirurgias com grande probabilidade de sangramento com diminuição da utilização de sangue alogênico. Sua utilização é bem difundida principalmente nas cirurgias cardiovasculares mas pouco utilizada ainda em obstetrícia no Brasil.

Descrição do caso

Iniciamos a utilização de RIS em casos bem definidos de alteração da implantação placentária (acretismo placentário) com cesariana eletiva em 2023, com apoio da equipe de anestesia de 2 grandes maternidades referência em São Paulo e 1 no Rio de Janeiro. Foram 17 pacientes. A média de idade foi de 36,8 anos (±4,0). A maioria dos casos envolveu pacientes com comorbidades, antecedentes obstétricos complexos e acretismo, o que justificou o uso de estratégias avançadas de conservação sanguínea. A média do volume total de sangue processado foi de 1.595 mL (±856), variando entre 162 mL e 2.927 mL. Deste volume, em média 417 mL (±289) foram reinfundidos para as pacientes. Sangramento médio mensurado durante a cirurgia de 3702 gramas (1240g-11000g). A hemoglobina pré-operatória média foi de 11,4 g/dL (±1,2), e a hemoglobina pós de 11,3 g/dL (±3,8), sugerindo manutenção dos níveis de hemoglobina na maioria dos casos. Apesar do uso da RIS, 64,7% das pacientes (11 de 17) ainda necessitaram de transfusão de concentrado de hemácias (CH), com média de 4,3 unidades (±3,8). Além disso, 10 pacientes receberam outros hemocomponentes. O tempo médio de internação foi de 23,6 dias (±23,3).

Conclusão

A utilização da RIS em contextos obstétricos representa uma estratégia ainda pouco difundida no Brasil, especialmente quando comparada a seu uso consolidado em especialidades como a cirurgia cardiovascular e ortopedia. No presente estudo, a aplicação da técnica demonstrou- se especialmente relevante em pacientes com cenários clínicos de alta complexidade, como acretismo placentário, hemorragias maciças e histórico de múltiplas cesarianas, nas quais o risco de perda sanguínea significativa é elevado. Em um ambiente delicado como o parto — onde o bem- estar materno e fetal está intrinsecamente ligado à estabilidade hemodinâmica da gestante —, reduzir a exposição a transfusões alogênicas pode representar um ganho relevante em segurança. A transfusão alogênica, embora salvavidas, está associada a riscos imunológicos, infecciosos e logísticos, especialmente em situações de urgência. Portanto, o uso de sangue autólogo recuperado pode oferecer uma alternativa valiosa, segura e imediata. Apesar de a maioria das pacientes ainda ter recebido concentrado de hemácias, a média de volume processado e reinfundido foi compatível com uma estratégia de uso racional, evidenciando que a RIS contribuiu para a contenção da necessidade transfusional. É importante considerar que esses casos envolveram pacientes graves, com perdas sanguíneas expressivas, nas quais a transfusão poderia ter acrescentado morbidade. Os achados reforçam a viabilidade e os benefícios da RIS em obstetrícia, especialmente em cenários de alto risco. Ainda que sua adoção nesse campo seja recente e o volume para processamento ainda possa melhorar com a experiência da técnica e momento da aspiração, os resultados sugerem que sua incorporação a protocolos obstétricos possa representar um avanço significativo no manejo do sangramento materno, alinhado aos princípios do Patient Blood Management (PBM).

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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