A triagem de enfermagem é uma etapa essencial no atendimento em serviços especializados, como os ofertados pelo HEMOPA. Avaliar os dados de produção permite identificar o perfil dos pacientes atendidos, principais demandas clínicas e efetividade dos fluxos assistenciais.

Analisar os dados da produção em triagem de enfermagem no HEMOPA durante os meses de janeiro a julho de 2025, considerando variáveis como faixa etária, sexo, tipo de doença hematológica, condutas, tipo de consulta e atividades técnicas/educativas.

Estudo descritivo, baseado em dados secundários extraídos do Dashboard de Produção de Triagem de Enfermagem - 2025. Foram incluídos dados de janeiro a julho de 2025, organizados por faixa etária, sexo, diagnóstico, tipo de consulta, condutas e ações educativas.

Entre janeiro e julho de 2025, evidencia a relevância estratégica dessa etapa no acompanhamento clínico de pacientes com doenças hematológicas, especialmente as crônicas. A predominância de atendimentos em crianças e adolescentes pode estar relacionada à detecção precoce por meio da triagem neonatal e à necessidade de acompanhamento contínuo durante o crescimento e desenvolvimento (BRASIL, 2021). Essa concentração, associada ao predomínio de hemoglobinopatias — como anemia falciforme SS e SF —, é coerente com a epidemiologia da Região Norte, marcada por forte presença de populações afrodescendentes, entre as quais tais patologias são mais prevalentes (SANTOS et al., 2019). O maior número de atendimentos em mulheres (55,8%) também é um achado comum em serviços de saúde e pode estar associado a uma maior busca por cuidado, conforme apontado por estudos sobre o comportamento de saúde por gênero (COSTA; SILVA, 2020). Já a alta taxa de consultas de retorno (74,1%) indica boa adesão ao seguimento ambulatorial e revela a importância da triagem de enfermagem como ponto de apoio contínuo na atenção especializada. As condutas predominantes relacionadas ao Programa de Acompanhamento Hematológico (PAH) e os agendamentos mostram a consolidação de um modelo de cuidado protocolar e sistematizado. Nesse contexto, o papel do enfermeiro como gestor do cuidado é reforçado, alinhando-se às diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme, que destaca a importância da equipe de enfermagem na vigilância e educação em saúde (BRASIL, 2014).