HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs doenças onco-hematológicas são malignidades que afetam o sangue, caracterizadas por uma proliferação excessiva destas células, diminuindo a produção de células saudáveis. Entre as principais, destacam-se as leucemias, os linfomas e o mieloma múltiplo. Embora os tratamentos tradicionais, como a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia apresentem eficácia, muitos pacientes possuem resistência a múltiplos quimioterápicos e/ou apresentam recaídas, o que motiva a busca por tratamentos mais eficazes e direcionados. A terapia com células CAR T (CAR-T cells, do inglês: Chimeric Antigen Receptor T cells) surge nesse contexto como uma nova modalidade terapêutica alternativa. Apesar da eficácia já descrita, existe a possibilidade de ocorrência de eventos adversos associados à terapia.
ObjetivosRealizar uma revisão narrativa para explorar os fundamentos; as evidências clínicas; os desafios atuais e as perspectivas futuras desta terapêutica.
Material e métodosRealizou-se uma revisão narrativa da literatura, utilizando os descritores: “CAR-T therapy”, “Cancer”, “Onco-hematological” and “Neoplasms” para a busca de artigos nas plataformas: PubMed, SciELO e Science Direct, incluindo estudos do período de 2021 a 2024. Foram descartados textos que abordassem o uso de células CAR T como terapêutica de tumores sólidos.
Discussão e conclusãoA terapia com células CAR T utiliza linfócitos T do próprio paciente, modificados para expressar receptores quiméricos capazes de reconhecer antígenos tumorais. Após coleta por leucaférese, estas células são expandidas e reprogramadas ex-vivo, reinfundidas ao organismo para eliminar células malignas por meio da ativação imunológica. A terapia tem se mostrado eficaz em neoplasias hematológicas, com taxas de remissão completa de aproximadamente 90% na LLA; mais de 50% na LLC; e entre 40% e 58% nos casos de LNH. No entanto, alguns eventos adversos são comuns, como: a síndrome de liberação de citocinas (CRS), que pode variar de sintomas leves à falência de órgãos, exigindo tratamento imediato com tocilizumabe, já aprovado pela Food and Drug Administration (FDA); e a neurotoxicidade (ICANS), que pode causar distúrbios neurológicos (encefalopatia, delírios, e em casos graves, edema cerebral). A bioengenharia tem contribuído para tornar as células CAR T mais eficientes, facilitando a infiltração tumoral; reduzindo a exaustão das células T; e permitindo o desenvolvimento de CAR T com dupla especificidade antigênica simultânea. Adicionalmente, tem possibilitado a inserção de genes inibitórios, visando diminuir a toxicidade; melhorar a precisão do alvo; e reduzir a ocorrência da síndrome de liberação de citocinas. Embora as terapias tradicionais continuem sendo fundamentais no tratamento das doenças onco-hematológicas, a terapia com células CAR T representa um importante avanço, especialmente, no tratamento de leucemias e de linfomas, oferecendo respostas clínicas prolongadas para muitos pacientes. Contudo, essa abordagem ainda enfrenta desafios relevantes, o que inclui a ocorrência de eventos adversos. Há uma demanda contínua por pesquisas, investimentos e ensaios clínicos que visem o aprimoramento desta tecnologia, com foco na otimização da eficácia terapêutica e na redução de eventos adversos, a fim de garantir maior segurança e qualidade de vida aos pacientes.




