HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosLeucemias são neoplasias hematológicas com acúmulo anormal de células clonais na medula óssea (MO), em geral leucócitos, com circulação em sangue periférico. A Leucemia Mieloide Aguda (LMA), forma aguda mais comum em adultos, decorre da proliferação autônoma de precursores mieloides, com bloqueio da diferenciação destas células, e consequente falência medular de elementos normais. É conceituada por >20% de blastos na MO, com incidência crescente com a idade, grande heterogeneidade nas mutações genéticas (“driver”), e consequentes impactos prognóstico e terapêutico. Clinicamente manifesta-se por anemia e/ou infecções e/ou sangramentos. Pela alta mortalidade, é essencial análise da sobrevida para entendimento e para políticas públicas.
ObjetivosEstimar a sobrevida de pacientes com LMA no Estado de São Paulo, estratificada por sexo, faixa etária e realização ou não de transplante de medula óssea (TMO).
Material e métodosEstudo de coorte retrospectivo com dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Estado de São Paulo, coordenado pela Fundação Oncocentro (FOSP). Incluiu pacientes diagnosticados com LMA entre 2000 e 2024. A sobrevida global foi estimada do diagnóstico até a última informação disponível, considerando óbito por câncer como evento. Curvas de Kaplan-Meier foram geradas no RStudio (pacotes Survival e Survminer) e comparadas pelo teste de log-rank. As análises foram estratificadas por sexo, faixa etária e realização de TMO.
ResultadosA coorte incluiu 4.458 pacientes com LMA, sendo 2.206 homens e 2.252 mulheres, com idade mediana de 46 anos (18-65 anos). A sobrevida global mediana foi de 11,56 meses (IC 95%: 10,32–12,71). Pacientes de 18-44 anos (n = 2.081) apresentaram maior sobrevida mediana: 23,62 meses (IC 95%: 19,35–28,62). Dentre eles, os 369 transplantados não atingiram mediana, com 50,06% de sobrevida em 15 anos; os não transplantados tiveram sobrevida mediana de 14,62 meses (IC 95%: 11,93–19,32). Nos 2.377 pacientes de 45–65 anos, a mediana foi de 7,06 meses (IC 95%: 5,88– 8,18); os 256 transplantados atingiram 52,11 meses (IC 95%: 31,38–151,03), e os demais, 4,67 meses (IC 95%: 3,94–5,29). No total, os 625 pacientes que realizaram TMO alcançaram 87,23 meses de sobrevida mediana, contra 7,74 meses (IC 95%: 6,51–8,71) nos 3.833 não transplantados.
Discussão e conclusãoNo presente estudo, o TMO aumentou a sobrevida global de pacientes com LMA. Pacientes de 18–44 anos apresentaram sobrevida superior aos de 45– 65 anos. Não houve diferença significativa entre os sexos. Nossos dados se assemelham aos apresentados por Tabak, 2000. O TMO é medida essencial para consolidar pacientes com LMA que atingiram respostas à quimioterapia inicial e são elegíveis ao procedimento, elevando em muito a sobrevida e as chances de cura definitiva.
Referências:
- 1.
Hoffbrand AV, Moss H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. Porto Alegre: Artmed; 2018.
- 2.
Tabak DG. Transplante de medula óssea em leucemias agudas. Medicina (Ribeirão Preto). 2000;33(4):390-404.




