HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs avanços terapêuticos no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) nas últimas décadas permitiram um aumento expressivo na taxa de sobrevida, principalmente com o uso de protocolos como o BFM 2009, que estratifica os pacientes por risco (baixo, intermediário e alto) através dos parâmetros: idade, contagem de leucócitos, imunofenótipo e resposta precoce ao tratamento avaliada através da determinação da Doença Residual Mínima (DRM) em aspirado de medula óssea. DRM é considerada o fator prognóstico mais robusto para LLA, de forma que níveis elevados de DRM nos D15 e D35 estão associados a piores desfechos.
ObjetivosAvaliar o significado prognóstico com relação aos desfechos precoces e tardios do resultado da avaliação da DRM em medula óssea obtida no D15 em crianças e adolescentes com LLA.
Material e métodosForam incluídos pacientes com até 19 anos incompletos diagnosticados com LLA entre 1° de agosto de 2018 e 30 de junho de 2025 em um Centro de Oncologia Pediátrica que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde. As variáveis demográficas (sexo e idade), clínicas (desfecho no D35, D180 e final de tratamento, recaída, imunofenótipo e risco segundo os critérios do BFM-2009) e laboratoriais (DRM D15, número de blastos D15, DRM D35, número de blastos D35) foram obtidas dos prontuários. A DRM foi avaliada por citometria de fluxo. A Sobrevida Global (SG) e a Sobrevida Livre de Eventos (SLE) foram analisadas em dois momentos: D180 e D1000 desde o diagnóstico. A análise estatística incluiu o teste de Fisher para variáveis categóricas e testes de T de Student ou Mann-Whitney para variáveis contínuas. A SG e SLE foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier, com comparação entre curvas pelo teste de log-rank. A determinação da razão de risco (HR) foi feita pelo modelo de Cox. Utilizou-se o software RStudio versão 2025.05.1+513, considerando-se significantes os valores de p = 0,05.
ResultadosForam considerados elegíveis 103 pacientes, mas 41 foram excluídos devido a dados incompletos, tempo de seguimento inferior a 180 dias ou abandono do seguimento. Foram avaliados 62 pacientes, 42 apresentaram DRM positiva e 20 DRM negativa no D15. A idade ao diagnóstico foi a única variável com diferença significativa entre os grupos (p=0,01). Na análise de SG no D180 observou-se HR = 1,74 para o grupo com D15 positivo, sem significância (p=0,48). Aos D1000 a HR = 3,16 (p = 0,13). Quanto à SLE, resultados semelhantes foram encontrados no D180, entretanto aos 3 D1000 o grupo com DRM positiva no D15 apresentou HR = 4,36; p = 0,05). Ao avaliar os pacientes com DRM positiva no D15 estratificados por percentual de blastos (< 1%, 1‒10% e > 10%) foram excluídos mais 5 pacientes por dados incompletos. Observou-se associação significativa com SG e SLE apenas aos D1000, sendo que o grupo com > 10% apresentou risco 12,45 vezes maior de óbito (p = 0,02) e 17,15 vezes de evento (p = 0,004) em relação ao <1%.
Discussão e conclusãoA avaliação da medula óssea no D15 demonstrou valor prognóstico relevante em crianças e adolescentes com LLA, reforçando seu papel como marcador de alto risco para desfecho desfavorável. Esses achados sugerem que a avaliação precoce da resposta ao tratamento, no D15, possa ser ferramenta eficaz para predizer desfechos.




