O sarcoma mieloide é uma apresentação extramedular de neoplasias mieloides, mais comumente associada à leucemia mieloide aguda (LMA). Os sítios mais acometidos incluem linfonodos, pele e ossos. A presença de sarcoma mieloide confere à LMA um comportamento mais agressivo.

Relatamos o caso de um homem de 34 anos, sem comorbidades, que apresentava lesão ulcerada de 4 cm no membro inferior direito, que surgiu após trauma local, com evolução de nove meses. Foi realizada biópsia excisional da lesão, que revelou células grandes, com citoplasma basofílico e cromatina frouxa. O estudo imunohistoquímico demonstrou positividade para CD34 e índice Ki-67 de 40%, compatível com sarcoma mieloide. A biópsia de medula óssea e o estudo do líquor não apresentaram alterações. O PET-CT evidenciou múltiplas áreas de captação, incluindo baço, ossos dos membros inferiores, sítio cirúrgico e linfonodos inguinais. Iniciou-se tratamento com esquema 7+3, não apresentando resposta adequada. Na avaliação por imagem apresentou aumento das captações ósseas, confirmado por nova biópsia. Foi então instituída terapia de resgate com esquema FLAG associado a venetoclax, obtendo-se resposta parcial ao exame de imagem. O paciente foi submetido a transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas, sem intercorrências. A avaliação de resposta com PET-CT no D+100 evidenciou resposta completa. Atualmente, no D+300 pós-transplante, o paciente mantém-se em remissão da doença.

Este caso destaca a importância intervenção terapêutica agressiva para alcançar remissão e do seguimento com exames de imagem em sarcomas mieloides, especialmente na apresentação extramedular isolada.