HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA coleta de células progenitoras obtidas diretamente da medula óssea é um procedimento realizado em centro cirúrgico, sob anestesia geral, com diversas punções da crista ilíaca. O procedimento dura cerca de 90 minutos e a medula óssea do doador se recompõe em aproximadamente 15 dias. Para maior segurança, ao final do procedimento a medula coletada é filtrada utilizando dois filtros de 500 e 200 mícrons, para remoção de partículas óssea, gorduras e coágulos, porém a filtração tem impacto na perda de células, pois o filtro também retém uma parte dos leucócitos, impactando no desfecho do produto final.
ObjetivosAvaliação da filtração da medula óssea em relação a perda celular durante a filtração do produto ao final da coleta e também controle microbiológico, devido a manipulação.
Material e métodosO estudo foi realizado entre março e junho de 2024 em um total de 16 coletas de células progenitoras coletadas diretamente da medula óssea. Foram realizadas contagens de leucócitos/mm3 em várias etapas do processo. Foi considerado L1: leucócitos/mm3 de uma amostra coletada no meio do procedimento, para projeção do quanto a mais de volume deveria ser coletado para um transplante; L2: leucometria/mm3 no final do procedimento, pré filtração; L3: leucócitos/mm3 do produto coletado após a filtração. As análises foram realizadas em contador hematológico. Amostras em sistema fechado foram coletadas para culturas microbiológicas anaeróbicas, aeróbicas e para fungos.
ResultadosA média da contagem de leucócitos no meio do procedimento (L1) foi de 31.197 células/mm3; ao final do procedimento, pré filtração, foi de 28.124 células/mm3, a contagem pós filtração, de 26.288 células/mm3. Houve uma perda de 6,52% entre os resultados pré e pós filtração. A média do volume coletado de medula foi de 1.010 mL (371 mL – 1.646 mL). Não houve crescimento microbiológico nas 16 medulas coletadas neste período.
Discussão e conclusãoA análise demonstrou uma perda leucocitária de 6,52%, do produto coletado após a filtração. Paralelamente a isso foi observado uma diferença leucocitária pós filtração entre a contagem realizada pelo contador hematológico (L3), e o citômetro de fluxo (L4), quando se realiza a quantificação de células CD34+ em equipamento que utiliza plataforma única, ou seja, que contém “beads” de contagem de leucócitos. Na metodologia pelo citômetro não é quantificado eritroblasto, levando a uma diferença de contagem de leucócitos pós filtração de 27,4% entre o contador hematológico e o citômetro. O valor da leucometria pelo citômetro, pós filtração (L4) foi de 19.068 células/mm3. Compreender a porcentagem de perda permite ao médico planejar o volume coletado de medula óssea de forma mais eficaz, compensando a perda esperada de 6,52% com a filtração do produto ou mesmo outras diferenças quando se utiliza outras metodologias na citometria de fluxo, garantindo que a dose celular adequada seja obtida para o transplante do paciente




