HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA trombocitose extrema, definida por contagem plaquetária superior a 1.000.000/mm³, é uma manifestação que pode ocorrer em neoplasias mieloproliferativas, como a Leucemia Mieloide Crônica (LMC). Embora a maioria dos pacientes seja assintomática, casos com sintomas de hiperviscosidade — como alterações visuais, neurológicas e cefaleia — configuram urgência médica, devido ao risco elevado de eventos tromboembólicos e isquêmicos. Nessas situações, a trombocitaferese surge como uma estratégia terapêutica de ação rápida, indicada para redução imediata da contagem plaquetária, especialmente quando a resposta à terapia citoredutora oral é insuficiente.
Descrição do casoPaciente masculino, 48 anos, com diagnóstico de LMC em agosto de 2024 (BCR-ABL positivo), em uso de imatinibe 400 mg/dia desde o diagnóstico. Em julho de 2025, apresentou cefaleia intensa, diplopia, vertigem e hemiparesia à direita. Tomografia de crânio não mostrou alterações. Hemograma evidenciou plaquetose extrema (3.000.000/mm³). Diante da suspeita de síndrome de hiperviscosidade e risco iminente de trombose, intensificou-se a terapia citoredutora, aumentando-se a dose de imatinibe e introduzindo-se hidroxiureia, além de solicitar troca do inibidor de tirosina quinase ao plano de saúde. Após sete dias, persistindo sintomas neurológicos, foi indicada trombocitaferese de urgência. O procedimento foi realizado em máquina de fluxo contínuo (Optia), com troca de uma volemia e reposição com soro albuminado. Houve boa tolerância e melhora clínica progressiva, com redução das plaquetas para 928.000/mm³ e, posteriormente, manutenção da queda para 686.000/mm³ com as medidas associadas.
ConclusãoA trombocitaferese mostrou-se segura e eficaz no manejo da plaquetose extrema sintomática em paciente com LMC, proporcionando rápida reversão dos sintomas e prevenindo complicações neurológicas graves. Seu uso precoce deve ser considerado sempre que houver manifestações clínicas sugestivas de hiperviscosidade, garantindo estabilização enquanto se aguarda a resposta das terapias citoredutoras sistêmicas.
Referências:
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