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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 3397
Acesso de texto completo
RELATO DE CASO DE TROMBOSE DE SEIO VENOSO EM RECÉM NASCIDO
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28
MERB Hibnera, LTdO Alvesa, MdO Rezendeb
a Hospital Metropolitano Odilon Behrens, Belo Horizonte, MG, Brasil
b Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Objetivo

Eventos tromboembólicos pediátricos são raros, porém associados a alta morbimortalidade. Este relato de trombose de seio venoso, visa ampliar o conhecimento e estimular a suspeição clínica precoce.

Metodologia

Descrição de caso de trombose de seio venoso em recém-nascido, por meio da análise de prontuário, exames realizados e revisão da literatura.

Relato do caso

Paciente do sexo masculino, nascido de parto cesáreo por deslocamento de placenta, a termo, sem intercorrências neonatais. Com treze dias de vida, iniciou com vômitos, hipoatividade e sucção débil. No dia seguinte, apresentou dois episódios de crise convulsiva. Angiorressonância magnética evidenciou trombose dos seios venosos durais e do sistema venoso profundo, alterações isquêmicas no território da artéria cerebral posterior ipsilateral e foco isquêmico subagudo à esquerda na ponte. Iniciou-se enoxaparina em dose terapêutica, posteriormente suspensa, por decisão conjunta, diante da gravidade neurológica e do prognóstico reservado, considerando que o tratamento não alteraria o desfecho neurológico irreversível e poderia causar sangramento e desconforto ao paciente. Em seguimento ambulatorial: pesquisa para Síndrome Antifosfolípide (SAF) negativa; fator V de Leiden e mutação da protrombina normais; antitrombina III com níveis normais. O paciente apresentou proteína C discretamente baixa (53%; referência: 70%–130%) e proteína S também discretamente reduzida (74%; referência: 87%–129%). Nova dosagem será realizada em alguns meses. As dosagens de proteínas C e S dos pais são normais. Atualmente, o paciente apresenta quadro neurológico grave, em acompanhamento multidisciplinar.

Discussão

A trombose cerebral em recém-nascidos é rara, mas grave, geralmente associada a múltiplos fatores de risco maternos ou neonatais. Entre eles, destacam-se complicações perinatais, alterações placentárias, anomalias venosas, cardiopatias congênitas e distúrbios trombofílicos, presentes em até 20% dos casos. Clinicamente, deve-se suspeitar da condição em neonatos com encefalopatia, convulsões, letargia, hipotonia, apneia ou dificuldades de alimentação. Devido à inespecificidade dos sintomas, a investigação por imagem, especialmente a ressonância magnética, é fundamental. O ecocardiograma auxilia na identificação de cardiopatias estruturais, com shunt direita-esquerda como possível causa. Distúrbios trombofílicos, como mutações no fator V de Leiden, deficiência congênita de proteínas C, S ou antitrombina e mutação do gene da protrombina, podem contribuir para o AVC perinatal. Testes de coagulação são recomendados, pois alterações podem orientar o manejo antitrombótico e a triagem familiar para trombofilias hereditárias. Contudo, por apresentarem valores fisiologicamente reduzidos nos neonatos, resultados alterados devem ser reavaliados após alguns meses. A pesquisa de trombofilia pode ser feita no lactente após a alta ou no seguimento ambulatorial, dado o volume sanguíneo necessário para a investigação completa. A triagem familiar pode complementar a investigação e contribuir para o manejo adequado do caso.

Conclusão

A trombose venosa cerebral neonatal, embora rara, deve ser considerada diante de sinais neurológicos inespecíficos nos primeiros dias de vida. Este relato destaca a importância da suspeição clínica precoce, da investigação etiológica abrangente e do acompanhamento multidisciplinar, especialmente em casos com desfecho neurológico grave e prognóstico reservado.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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