HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAtualmente a Síndrome de Anticorpo Antifosfolípide (SAF) é definida como uma trombofilia adquirida caracterizada pela presença de anticorpos Antifosfolípides (aPL) dentro do organismo. Tais anticorpos produzem um estado pró-trombótico no organismo, elevando o risco da formação de coágulos sanguíneos em vasos arteriais e venosos, podendo afetar qualquer órgão ou sistema do corpo.
ObjetivoRelato de caso de paciente com SAF e o envolvimento sistêmico da doença.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 54 anos, procura a emergência do hospital devido a obstrução total de via aérea nasal e respiração predominantemente bucal. Referia histórico prévio de SAF, em uso de anticoagulação (Rivaroxabana), tendo em sua história um episódio prévio de Trombose Venosa Profunda (TVP) em membro inferior esquerdo. Durante a internação, evoluiu com fraqueza e dispneia, necessitando de oxigenoterapia suplementar. O ecocardiograma apresentou um prolapso de valva mitral com degeneração mixomatosa, ruptura de cordoalha e regurgitação mitral moderada importante, com disfunção ventricular esquerda e hipertensão pulmonar; sendo submetida a cateterismo com plastia da valva mitral. No pós- operatório, apresentou evolução com derrame pleural volumoso e microAVCs em ressonância magnética.
DiscussãoComo observado no caso, a paciente com diagnóstico prévio de SAF encontra-se com manifestações sistêmicas da doença em curso. A TVP, especialmente em membros inferiores, é a ocorrência mais frequente da circulação venosa, presente em 55% dos pacientes, podendo evoluir para a complicação de embolia pulmonar, potencialmente fatal. A principal manifestação de trombose arterial nesses pacientes, como também demonstrada no caso, são os acidentes cerebrais vasculares. A paciente também apresenta suspeita de envolvimento cardíaco da doença, sendo a Endocardite de Libman-Sacks (eLS) uma das complicações mais reconhecidas, caracterizada por um endocardite trombótica não-bacteriana, com formações estéreis nas valvas cardíacas; essa manifestação apresenta grande potencial para outros eventos trombóticos e morbidade significativa aos pacientes. Além disso, as principais complicações investigadas na paciente, incluímos as alterações predominantemente hematológicas que esta poderia apresentar, incluindo a trombocitopenia propiciando episódios de sangramento (especialmente epistaxe), além disso podemos ter uma microangiopatia trombótica propiciada pela SAF que é caracterizada por trombocitopenia, anemia hemolítica com esquizócitos e envolvimento dos órgãos. O tratamento da doença, o qual a paciente está em uso, consiste em prevenir complicações causadas pelos coágulos, contudo o tratamento não parece adequado em revisão de trabalhos recentes, sendo que pacientes com rivaroxabana apresentam maior número de eventos trombóticos (se doença “triplo-positiva” apresentam risco quase sete vezes maior de apresentar estes eventos) quando comparados com aqueles que usam varfarina como tratamento.
ConclusãoObservando tais situações concluímos que a gestão destes pacientes é complexa e exige um acompanhamento multidisciplinar e individualizado para otimizar o prognóstico e prevenir as complicações.
Referências:
- 1.
Rivaroxaban vs warfarin in high-risk patients with antiphospholipid syndrome | Blood, acessado em junho 24, 2025, hps://ashpublications.org/blood.




