HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é caracterizada pela infiltração da medula óssea e acúmulo de linfoblastos no fígado, baço e linfonodos. A recidiva desta doença ocorre quando as células leucêmicas voltam a manifestar-se posteriormente a um período de remissão.
Descrição do casoEste trabalho origina de um estudo maior aprovado pelo CEP (CAAE: 47456221.0.0000.5526). D.F.S., 7-anos, pardo, 25,5 kg, encaminhado para o setor de Onco-hematologia pediátrica da Santa Casa da Misericórdia de Itabuna em 23/08/2021. Foi admitido no hospital com queixa principal de diarreia e febre frequente por quase 1 mês. O paciente apresentou quadro diarreico com evolução de 30 dias, com fezes líquidas, amareladas, sem muco ou sangue e relata episódios de eliminação de parasitas nas fezes, com frequência de 1 a 2 vezes ao dia. Apresentou falta de apetite e vômitos recorrentes; há três dias, houve eliminação de parasito em episódio isolado de vômito, desconforto ao urinar e palidez notada pela mãe há 15 dias. Foi medicado com antiparasitários (provavelmente albendazol) e antibiótico não especificado. Havia recebido transfusão sanguínea em hospital anterior (Iguaí), e devido a piora dos sintomas, foi encaminhado para unidade de referência. O diagnóstico de LLA foi confirmado em 22/09/2022, por biópsia de medula óssea associada à imunofenotipagem com perfil aberrante e foi evidenciado o subtipo B. Exame de líquor inicial evidenciou 36,5 células (interpretação como acidente de punção); novo líquor em 21/09/2021 mostrou-se normal. Imuno-histoquímica não evidenciou excesso de blastos. A resposta inicial ao tratamento mostrou Doença Residual Mínima (DRM) negativa nos dias 19 e 22. O paciente foi classificado como risco intermediário, uma vez que havia feito uso prévio de corticoide antes do diagnóstico. Houve atraso na administração de metotrexato e ausência de PEG-asparaginase por indisponibilidade na instituição. Apresentou efeitos colaterais ao tratamento, como lesão cutânea em local do Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), hematúria microscópica com poliúria e febre sem neutropenia. Evoluiu também com infecções das vias aéreas superiores e escabiose. Em 28/02/2024, o quadro clínico permaneceu constante e a DRM da semana 52 seguia negativa, mas o paciente apresentou quadro de parasitose. No retorno em 25/02/2025 foi evidenciada recidiva medular (97% de infiltração blástica) e testicular, sendo iniciado o protocolo St. Jude R15. Apesar da reintrodução do protocolo terapêutico específico para pacientes com LLA, o paciente evoluiu com piora clínica progressiva e faleceu em 17/04/2025. A recidiva na LLA é um grande desafio terapêutico, especialmente com infiltração testicular, onde a quimioterapia tem menor eficácia. No caso apresentado, fatores como início tardio do tratamento, falta de medicamentos essenciais, infecções e parasitoses contribuíram para o desfecho desfavorável. A DRM negativa ao longo do tratamento reforça a imprevisibilidade da recidiva e a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema.
ConclusãoEste caso evidencia os desafios do tratamento da LLA pediátrica, particularmente em regiões com limitações estruturais e dificuldade de acesso a medicamentos. Apesar da DRM negativa, fatores como infiltração testicular, infecções e comorbidades parasitárias contribuíram para a evolução desfavorável.




