HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs reações transfusionais são agravos ocorridos durante ou após a transfusão sanguínea, podendo levar à morbidade e/ou mortalidade. Em crianças, diferem das reações em adultos quanto ao tipo de reação, incidência e gravidade. Nessa faixa etária, as reações são mais comumente associadas a plaquetas, seguidas por transfusões de plasma e hemácias. Os tipos mais comuns são as reações febris, alérgicas e hipotensivas ou por sobrecarga de volume.
ObjetivosAnalisar o perfil das reações transfusionais em crianças hospitalizadas e submetidas a hemotransfusão, envolvendo os seguintes hemocomponentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado.
Material e métodosFoi realizado um estudo transversal em um hospital pediátrico terciário da rede pública, em uma cidade do nordeste do Brasil, abrangendo as crianças submetidas a hemotransfusão no período de janeiro de 2024 a julho de 2025. Foram avaliados os dados registrados em relatórios e as fichas de notificação de reações transfusionais do serviço de hemovigilância do hospital. As variáveis investigadas foram: número e tipo de hemocomponente transfundido, local de transfusão, número de reações transfusionais notificadas e tipo de incidente. Foi realizada uma análise descritiva, utilizando-se o cálculo de porcentagem para avaliação da incidência dos eventos transfusionais.
ResultadosNo período estudado, foram realizadas 1583 transfusões, sendo o concentrado de hemácias o mais prevalente (53,70%), seguido do concentrado de plaquetas (31,65%), plasma fresco congelado (12,19%) e crioprecipitado (2,46%). Do total de transfusões realizadas, foram notificados 94 incidentes transfusionais envolvendo 49 crianças distintas, constituindo uma prevalência de reações de 5,9%. A reação transfusional aconteceu principalmente após a infusão de concentrado de hemácias (54,26% do total de reações registradas), proporcional ao número de hemotransfusões realizadas, porém correspondendo a apenas 6% do total de concentrado de hemácias realizado (valor absoluto de 850 transfusões). Verificou-se que as reações ocorreram principalmente em pacientes internados em leitos de UTI pediátrica (56,38%), seguido de pacientes em leitos de enfermaria (37,23%) e do centro cirúrgico (6,38%). Os incidentes mais comuns foram: reação febril não hemolítica (75,53%), seguido de provável sobrecarga circulatória (8,51%) e causa alérgica (6,38%).
Discussão e conclusãoA prevalência de reações transfusionais em crianças é elevada e está associada a diferentes fatores: o tipo de hemocomponente, as comorbidades do paciente, o histórico de politransfusão e o tipo de reação. Desse modo, é importante conhecer a prevalência dos eventos reacionais e adaptar alguns parâmetros nesta faixa etária, a fim de tornar a transfusão mais segura nessa população vulnerável. Os tipos de reações transfusionais mais recorrentes (reação febril não hemolítica, sobrecarga circulatória e causa alérgica) foram compatíveis com os relatos na literatura. O estudo permitiu o maior conhecimento sobre os incidentes transfusionais ocorridos em crianças e adolescentes e traz contribuições para reforçar a segurança do paciente e dos serviços de hemoterapia pediátrica. Entretanto, são necessários estudos mais detalhados que avaliem mais parâmetros das reações transfusionais, como: faixa etária, sexo do paciente, recorrência das reações em pacientes politransfundidos, indicação da transfusão e gravidade do quadro clínico.




