HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA doação de sangue é um ato voluntário e seguro, porém reações adversas, locais ou sistêmicas, podem ocorrer, o que tem potencial para reduzir a taxa de retorno dos doadores. É papel dos hemocentros identificar precocemente fatores que predisponham a essas ocorrências.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico das reações adversas à doação de sangue, descrevendo os doadores, tipo e gravidade, manifestações clínicas, local, condutas e aptidão para novas doações.
Material e métodosTrata-se de um estudo transversal realizado no Hemocentro Regional de Londrina (PR), inclui doadores de janeiro a julho de 2025. Os dados foram obtidos por levantamento no sistema digital do serviço e organizados em planilhas digitais. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
ResultadosNo 1° semestre de 2025, registraram-se 11.262 doações de sangue, com 184 reações adversas (1,63%) -1 a cada 61 doadores - com idade entre 16 e 65 anos. Daqueles que tiveram reação, 59,8% eram mulheres e 40,2% homens. 76,6% tinham entre 16 e 35 anos e 23,3% mais de 35 anos. Entre os doadores que apresentaram reação, 39,6% tinham IMC entre 17 e 24,9, enquanto 60,3% apresentavam IMC entre 25 e 46,8. Reações locais ocorreram em 5 doações (0,04%), todas com hematomas no local da punção. Reações sistêmicas foram observadas em 179(1,58% das doações), sendo a maioria decorrente de reação vasovagal(81,5%). Outras causas encontradas foram: primeira doação (12), jejum prolongado > 3 horas (9), privação de sono (7), ansiedade ou medo (5) e alimentação excessiva antes da doação (2). A maioria das reações adversas foi leve (83,2%) e 16,8% moderada; não houve reações graves ou óbito. Os sintomas mais comuns foram palidez (130), hipotensão (93), sudorese (89), vertigem (60), náuseas (56), perda de consciência (30), ansiedade (18), mal-estar (13), vômitos (12), borramento visual (11), fraqueza(10), tetania (7), formigamento de extremidades (7), hematoma (5), cefaleia (4), sensação de calor (4),hipertensão (3), relaxamento de esfíncter, hiperventilação, sensação de frio e contratura muscular (1 cada).Entre os que tiveram reação, 92 doadores (50%) estavam na primeira doação, 46 (25%) eram doadores frequentes e 46 (25%) tinham entre 1 e 5 doações anteriores. Quanto ao local das intercorrências:49,5% na sala de coleta, 46,7% na copa, 1,1% nos corredores e 2,7% em frente ao hemocentro. Um mesmo paciente pode ter recebido mais de uma intervenção, as condutas foram: alimentação e hidratação oral (184), posição de Trendelenburg (161), hidratação intravenosa com soro fisiológico glicosado (42), tratamento farmacológico para náusea (6), gelo no local (5) com melhora em todos os casos. Todos foram liberados para futuras doações.
Discussão e conclusãoA incidência das reações foi ligeiramente maior que a descrita em estudos prévios (1,1%), possivelmente devido à notificação compulsória de quaisquer eventos adversos, mesmo que muito leve em nosso serviço. Predominaram reações sistêmicas, doadoras do sexo feminino,com menos de 35 anos e na primeira doação. A maioria foi leve, de causa vasovagal, respondendo bem à posição de Trendelenburg e hidratação oral, o que está conforme a literatura. Não houve associação com IMC, diferindo de estudos prévios. Assim, a doação de sangue é segura, as reações são leves e com recuperação completa. Baseado neste estudo, medidas preventivas na triagem podem reduzir essas ocorrências.
Referências:
Almutairi H, et al. Incidence, predictors and severity of adverse events among whole blood donors. PLoS One. 2017;12(7):e0179831.




