HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosNo Brasil, os serviços de hemoterapia estão amplamente respaldados por protocolos técnicos e regulamentações que visam proteger o doador de sangue. Os riscos mais comuns e frequentes da doação estão bem documentados na literatura científica e na legislação vigente, porém, existem riscos ainda não mensurados. Um exemplo de risco ainda não discutido ocorreu com um doador que portava arma de fogo durante a doação no Hemocentro de São José do Rio Preto. Durante estado de confusão pós-ictal devido reação vasovagal, o doador tentou alcançar a arma que portava, sendo impedido por duas profissionais que prestavam a assistência de enfermagem. Fica evidente a necessidade de elaborar, implantar e disseminar protocolos de segurança que visem a integridade física dos doadores e profissionais, além da segurança no ambiente de doação. Tais situações, embora raras, têm o potencial de impactar negativamente a experiência do doador e expor publicamente o serviço.
ObjetivosImplantar protocolo de atendimento ao doador de sangue portando arma de fogo. O protocolo visa mitigar riscos e garantir a segurança do ambiente de doação, dos doadores e de toda equipe multiprofissional.
Material e métodosPesquisa descritiva de abordagem qualitativa, baseada em caso de reação vasovagal em doador armado no Hemocentro de São José do Rio Preto. A análise da Lei 10.826/2003 embasou protocolo institucional, elaborado por equipe multidisciplinar, visando segurança, viabilidade operacional e conformidade legal.
ResultadosEspera-se com esse estudo garantir a segurança dos doadores e profissionais do Hemocentro de São José do Rio Preto. Para tanto, serão implantados fluxos de atendimento a doadores de sangue portando arma de fogo. Na recepção todos os candidatos serão questionados sobre estarem portando arma de fogo. Em caso de afirmação o doador será orientado sobre não permanecer com a arma no momento da doação. Grupos específicos como policiais, por exemplo, serão orientados a rodiziar e a arma do doador ficará sob a custódia de outro policial até a total recuperação e liberação do doador. Na impossibilidade deste rodízio ou quando o doador se apresentar sozinho, será disponibilizado um local apropriado e seguro para o armazenamento da arma, sob supervisão de um profissional institucional (vigilante). Após a doação e recuperação do doador a arma será devolvida ao proprietário.
Discussão e conclusãoA doação de sangue pode causar reações sistêmicas, a exemplo, a reação vasovagal, que pode ser estimulada por fatores psicológicos, volume de sangue retirado em relação ao volume de sangue do doador e a velocidade com que o mesmo foi retirado. Dependendo da gravidade da reação, os sintomas podem evoluir para perda de consciência, tetania ou convulsão, com movimentos não planejados pelo doador e não previstos pelos profissionais. Assim, quando o doador está portando arma de fogo durante a doação, torna-se um risco até então não previsto e não discutido na literatura. No Brasil, a lei n° 10.826/2003, também conhecida como Estatuto do Desarmamento, embora regule a posse e o porte de armas, não aborda diretamente a questão da segurança em ambientes hospitalares ou hemoterápicos. A criação e implantação deste protocolo, por meio de uma abordagem multidisciplinar, garantem um ambiente seguro para o ato da doação, respeitando o direito legal dos doadores de portarem armas, ao passo em que minimizam os riscos de incidentes fatais.




