HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA plasmaférese terapêutica (TPE) é uma técnica extracorpórea que substitui o plasma dos pacientes para remover moléculas patogênicas, como anticorpos autoimunes, paraproteínas, citocinas e toxinas endógenas e exógenas. Segundo a Sociedade Americana de Aférese (ASFA), a TPE pode ser indicada para 77 doenças, com 119 indicações, sendo 20 indicações como tratamento de primeira linha (categoria I) e 23 de segunda linha (categoria II). É uma terapia consolidada e frequentemente considerada em situações críticas, principalmente quando há alto risco de dano irreversível ou morte sem intervenção imediata.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico e as principais indicações clínicas das plasmaféreses realizadas por um banco de sangue de Brasília.
Material e métodosEstudo descritivo e retrospectivo, de análise dos prontuários dos pacientes que realizaram plasmaférese terapêutica, nos hospitais atendidos pelo banco de sangue do Grupo GSH em Brasília, de janeiro de 2024 a junho de 2025.
ResultadosForam realizadas 176 sessões de TPE, para 36 pacientes (média 5), sendo 27 mulheres (75%) e 09 homens (25%). Os diagnósticos foram assim distribuídos: Neurológicos (22, 61,1%): Encefalite autoimune (5), Neurite óptica (5), Mielite transversa (4), Síndrome de Guillain-Barré (3), Miastenia Gravis (2), Polineuropatia (2), Síndrome da Pessoa Rígida (1). Hematológicos (6, 16,7%): Púrpura Trombocitopênica Trombótica (4), síndrome hemolítica urêmica (1), desenssibilização pré transplante de medula óssea (1). Reumatológicos (4, 11,1%): vasculite ANCA+ (2), Síndrome Antifosfolípide (1), Glomerulonefrite ANCA+ (1). Outros (4, 11,1%): Coagulação Intravascular Disseminada (1), falência múltipla de órgãos (1), Insuficiência Hepática (1), Rejeição transplante cardíaco (1).
Discussão e conclusãoA distribuição por sexo revelou predomínio do sexo feminino, refletindo a epidemiologia de várias doenças autoimunes, de maior prevalência na população feminina. A média de sessões está de acordo com os protocolos terapêuticos estabelecidos, de 3 a 7 sessões por ciclo terapêutico, para boa parte das indicações. A análise dos diagnósticos evidenciou uma diversidade de indicações clínicas, com destaque para doenças neurológicas autoimunes. Essa heterogeneidade reforça o papel da TPE como uma ferramenta versátil na medicina, sendo aplicada tanto em emergências hematológicas quanto em doenças autoimunes agudas, crônicas ou refratárias ao tratamento convencional. O predomínio de doenças mediadas por autoanticorpos está em linha com as indicações clínicas mais consolidadas da aférese, respaldada por diretrizes nacionais e internacionais, com destaque para condições neurológicas, refletindo uma tendência crescente no uso da plasmaférese como adjuvante em terapias imunomoduladoras.
ConclusãoA aférese terapêutica mostrou-se uma ferramenta clínica relevante no manejo de condições autoimunes e neurológicas, representando uma estratégia segura e eficaz para pacientes com quadros graves ou refratários. A predominância do sexo feminino e a diversidade diagnóstica observadas estão alinhadas à literatura e reforçam a necessidade de protocolos bem definidos. Esses achados destacam a importância da terapia de aférese em centros especializados e sua contribuição para a melhora clínica em diferentes contextos assistenciais. Além disso, os dados analisados contribuem para o fortalecimento do uso racional da aférese terapêutica, possibilitando o monitoramento do número de atendimentos e o perfil dos pacientes atendidos.




