HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs afecções hemorrágicas, outras doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (CID-10 D65-D77) são um conjunto de condições que cursam com sangramentos e necessidade frequente de suporte transfusional, gerando demanda hospitalar contínua em serviços de média e alta complexidade. No Rio Grande do Norte, compreender o padrão epidemiológico é crucial para organizar linhas de cuidado e direcionar recursos assistenciais para melhor atender os usuários.
ObjetivosDescrever o perfil epidemiológico e a distribuição das internações por afecções hemorrágicas e outras doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (CID-10: D65-D77) no Rio Grande do Norte entre 2015 e 2024.
Material e métodosEstudo ecológico observacional, descritivo e retrospectivo com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídas todas as internações por afecções hemorrágicas e outras doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (CID-10: D65-D77) no Estado do Rio Grande do Norte entre 2015 e 2014.
ResultadosForam registradas 1.987 internações pelos CID-10 D65-D77 entre 2015 e 2024, somando 1.963, com uma média de 196,3 por ano. Observou-se maior número de internação em 2024 com 268 casos, representando cerca de 13,65% do total de casos da década analisada e sendo resultado do crescimento sustentado desde 2021, crescendo quase 15% em relação ao ano anterior, após redução em 2020. A distribuição geográfica entre as microrregiões do estado é bastante centralizada na de Natal com 1.369 casos, quase 70% deles, seguida pela de Mossoró (16,8%). A condição tem leve predominância no sexo feminino com 1.054 internações (53,1%), contra as 933 masculinas (46,9%). Pela idade, evidenciou-se maior prevalência em crianças ou adolescentes até 14 anos (35,6%) e idosos (21,6%). Já na cor/raça, os pardos registraram 1.216 casos (61,2%), sendo o maior grupo.
Discussão e ConclusãoA partir dos dados analisados, a redução das internações em 2020 seguida de aumento progressivo de 2021 até 2024 sugere impacto pandêmico com possível adiamento de cuidados. O predomínio feminino nas internações é compatível com maior frequência de distúrbios e busca por cuidado. A idade de 0–14 anos indica necessidades específicas de hematologia pediátrica para essas condições. A centralização em Natal e, em menor medida em Mossoró, reflete a concentração de serviços de média-alta complexidade, mas também as barreiras de acesso à demais regiões do Estado. Os achados apontam para o fortalecimento das linhas de cuidado em hematologia pediátrica e de adultos, e a melhoria da oferta do cuidado desses pacientes nas microrregiões para reduzir vazios assistenciais e para orientar a alocação de recursos e a regionalização do cuidado.




