HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs defeitos de coagulação e outras afecções hemorrágicas representam complicações frequentes e graves em pacientes com doenças do fígado, associadas a pior prognóstico e alta letalidade. Essa associação reflete um estágio avançado de insuficiência hepática, com alterações hemostáticas complexas decorrentes de disfunção da síntese de fatores de coagulação e trombocitopenia. A compreensão do perfil epidemiológico desses óbitos é essencial para guiar estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e manejo clínico direcionado a esses pacientes.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico dos óbitos por defeitos de coagulação, púrpura e outras afecções hemorrágicas que tiveram doenças do fígado como causa básica da morte em pacientes no Brasil, no período de 2014 a 2023.
Material e métodosFoi realizado um estudo ecológico observacional, descritivo e retrospectivo, baseado em dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídos todos os óbitos no Brasil de 2014 e 2023, cuja causa básica foi doenças do fígado (CID-10: K70–K77) e que apresentaram como causa múltipla defeitos de coagulação, púrpura e outras afecções hemorrágicas (CID-10: D65–D69).
ResultadosDe 2014 a 2023, foram registrados 4.019 óbitos no Brasil com os CID-10 K70–K77 e D65–D69, com média anual de 401,9 mortes, com pico em 2018 (436 óbitos) e menor número em 2020 (352 óbitos), representando queda de 11,6% em relação ao ano anterior. Quanto ao sexo, houve maior prevalência entre os homens, com 2.788 óbitos (69,37%), em contrapartida, o sexo feminino representou 30,63% (1.231 óbitos). A análise etária teve maior concentração entre 50 e 59 anos com 1.051 óbitos (26,15%), seguida pelas faixas de 60–69 anos (20,96%) e 40–49 anos (17,77%), que juntas corresponderam por 64,9% dos óbitos. Em relação à raça/cor, destacaram-se os indivíduos brancos com 1.778 óbitos (44,24%) e 1.744 de pardos (43,39%). Já a avaliação por Unidade da Federação mostrou maior número absoluto em São Paulo com 1.120 mortes, cerca de 27,87%, seguido por Minas Gerais (10,15%), Pernambuco (7,74%) e Bahia (260; 6,47%), que somados concentraram mais da metade dos óbitos.
Discussão e ConclusãoA análise dos óbitos por defeitos de coagulação e outras afecções hemorrágicas com doenças do fígado como causa básica evidenciou 4.019 óbitos no Brasil, revelando predomínio de mortes em homens de meia-idade e idosos, o que é compatível com o padrão de evolução das doenças hepáticas crônicas. A liderança de indivíduos brancos e pardos reflete a composição demográfica do Brasil. A concentração dos óbitos nas regiões Sudeste e Nordeste acompanha a densidade populacional, mas também pode indicar diferenças regionais na prevalência de doenças hepáticas e na qualidade do diagnóstico. A queda significativa observada em 2020 pode estar associada a impactos da pandemia de COVID-19, incluindo subnotificação. Esses achados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce de doenças hepáticas, bem como ao manejo adequado das complicações hemorrágicas, visando evitar o agravamento dos casos e a redução da mortalidade.




