HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs síndromes mieloproliferativas (SMPs) são neoplasias hematológicas caracterizadas pela proliferação excessiva de eritrócitos, leucócitos ou plaquetas. Incluem leucemia mieloide crônica (LMC), policitemia vera (PV), trombocitemia essencial (TE) e mielofibrose primária (MFP). Apesar de raras, têm impacto significativo na vida dos pacientes e geram custos relevantes ao sistema de saúde.
ObjetivosDescrever o perfil epidemiológico e laboratorial de pacientes com SMPs atendidos em um hospital universitário no Rio de Janeiro.
Material e métodosEstudo transversal utilizando dados coletados de prontuários dos pacientes com diagnóstico de SMP acompanhados entre junho/2013 e junho/2023. Foram analisados idade, sexo, etnia, apresentação clínica e alterações laboratoriais ao diagnóstico. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas, com cálculos e análises estatísticas realizadas utilizando o software Microsoft Excel.
Discussão e conclusãoForam analisados 114 pacientes com SMPs, sendo 38,6% com LMC, 31,6% com TE, 17,5% com MFP e 12,3% com PV. Houve predomínio do sexo feminino (55,3%), de indivíduos negros (60,5%) e média etária de 56 anos. Na PV, observou-se discreto predomínio feminino (57,1%), maioria de brancos (78,6%) e média etária de 58,5 anos, sendo a eritrocitose isolada a principal alteração laboratorial (40%). A TE apresentou expressivo predomínio feminino (80,6%), maioria de pardos (52,8%) e média etária de 54,5 anos, com trombocitose isolada em 65,6% dos casos. A MFP afetou mais homens (55%), predominou em negros (70%) e teve média etária de 66,6 anos, sendo a trombocitose isolada a alteração mais frequente (52,9%). Na LMC, prevaleceu o sexo masculino (61,4%), com maioria parda (47,7%) e média etária de 51,6 anos, observando-se leucocitose associada à anemia em 44,4% dos pacientes. Os achados deste estudo reforçam que as SMPs apresentam perfis epidemiológicos e laboratoriais distintos, com variações relevantes segundo o subtipo. A PV manteve padrão semelhante ao descrito na literatura internacional, com predomínio em brancos e eritrocitose isolada como principal achado laboratorial. A TE apresentou marcante predomínio feminino e alta frequência de trombocitose isolada, condizente com estudos prévios. A MFP destacou-se pela maior idade média e maior prevalência em negros, achado que pode refletir diferenças populacionais regionais e padrões de acesso ao diagnóstico. A LMC apresentou predomínio masculino e média etária inferior aos demais subtipos, com achados hematológicos característicos. Esses resultados evidenciam a importância de compreender as particularidades de cada subtipo de SMP para otimizar estratégias diagnósticas, direcionar o monitoramento clínico-laboratorial e embasar políticas de saúde pública voltadas a essas neoplasias crônicas.
Referências:
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Tefferi A, Barbui T. Polycythemia vera and essential thrombocythemia: 2021 update on diagnosis, risk-stratification and management. Am J Hematol. 2020;95:1599-613. doi:10.1002/ajh.26008.
- 4.
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