HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs linfomas não Hodgkin (LNH) são neoplasias hematológicas de origem linfóide que podem ser classificados, de acordo com o comportamento clínico, em dois grandes grupos: indolentes (caracterizados por crescimento lento e que podem não exigir tratamento imediato) e agressivos (de evolução rápida e que demandam tratamento precoce). O primeiro grupo inclui os subtipos foliculares, linfocítico de pequenas células, da zona marginal e de células T cutâneas. Entre os agressivos, destacam-se o linfoma de Burkitt e o linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), este último responsável por cerca de 30% dos casos e aproximadamente 150 mil novos diagnósticos por ano em todo o mundo.
ObjetivosAvaliar o perfil epidemiológico dos linfomas não-Hodgkin no Brasil entre os anos de 2019 a 2023.
Material e métodosTrata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponível no DATASUS. Foram coletados dados referentes aos óbitos por linfomas não-Hodgkin, classificados como folicular (CID-10: C82), difuso (CID-10: C83), de células T cutâneas e periféricas (CID-10: C84) e de outros tipos ou não especificados (CID-10: C85), registrados no Brasil entre 2019 e 2023. As variáveis analisadas incluíram número de óbitos por região e estado, faixa etária, sexo e cor/raça do paciente.
ResultadosNo período analisado, o Brasil registrou 22.193 óbitos por linfoma não-Hodgkin, distribuídos entre 5.124 casos do tipo difuso, 921 do tipo folicular, 1.507 de linfomas de células cutâneas e periféricas e 14.641 classificados como outros tipos ou não especificados. A maior concentração de mortes ocorreu na região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, que apresentou o maior número de óbitos por linfomas de tipos não especificados (7.409). As regiões Sul e Nordeste também se destacaram pelos elevados registros de mortalidade em todos os subtipos dos linfomas. Quanto à faixa etária, os linfomas difuso, folicular e de tipos não especificados concentram a maior mortalidade no grupo de 70 a 79 anos, com 1.141, 252 e 3.790 casos, respectivamente. No caso dos linfomas de células cutâneas e periféricas, predomina a faixa etária de 60 a 69 anos, com 358 óbitos registrados. Em relação ao sexo, destacam-se óbitos entre homens (2.955 no difuso; 487 no folicular; 869 nos de células cutâneas e periféricas; e 7.927 nos tipos não especificados) e entre pessoas brancas (3.181; 599; 843 e 9.355, respectivamente).
Discussão e conclusãoO Brasil registrou uma alta mortalidade por linfoma não-Hodgkin, com destaque para os tipos não especificados, o que sugere falhas na identificação dos subtipos. O linfoma difuso, mais comum entre os agressivos, foi responsável por 5.124 mortes, enquanto os linfomas foliculares, embora indolentes, ocasionaram 921 óbitos, sugerindo que, apesar do curso clínico mais lento, sua evolução pode resultar em desfechos graves, especialmente em idosos. A distribuição regional evidencia marcantes desigualdades no país. Quanto ao perfil demográfico, verificou-se maior mortalidade entre homens e pessoas brancas, achado consistente com literatura, que aponta maior incidência nessas populações. Esses dados podem subsidiar ações específicas de prevenção e rastreamento. O panorama observado entre 2019 e 2023 revela um cenário preocupante, com impacto significativo independentemente do subtipo, reforçando a necessidade de fortalecer as estratégias de vigilância, prevenção e qualificação do cuidado onco-hematológico no Brasil.




