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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 3176
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OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LINFOMA DO MANTO LEUCEMIZADO: UM RELATO DE CASO
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C Gomes Luciano Bastos, L Freire Rodrigues, F Gassmann Figueiredo, B Rocha Navarro de Deus, ME Araújo Lima, M Lopes de Araújo, G Gordiano Moreira, ÉM de Macedo Costa
Centro Universitário de Excelência (UNEX), Feira de Santana, BA, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um linfoma não Hodgkin de células B raro e agressivo, originado da zona do manto dos folículos linfóides, com sobrevida mediana de três a cinco anos. Afeta predominantemente homens acima de 60 anos. O trabalho tem como objetivo relatar caso clínico de LCM agressivo em paciente idoso, ressaltando dificuldades diagnósticas e terapêuticas. O estudo de caso foi feito por análise de prontuário clínico, complementado com revisão bibliográfica.

Descrição do caso

JFDS, 77 anos, masculino, hipertenso, procurou atendimento em unidade privada de hematologia em 30/12/2024, em Feira de Santana-BA, com perda ponderal de 10 kg em um ano, hepatoesplenomegalia volumosa e palidez cutânea. Exames laboratoriais revelaram hemoglobina 10,8 g/dL, leucocitose (58.600/mm3) e plaquetopenia (75.000/mm3). Imunofenotipagem de sangue periférico evidenciou linfócitos B monoclonais CD5+, CD20+, CD23–, Kappa+, compatíveis com doença linfoproliferativa crônica de células B. Em abril de 2025, foi encaminhado para a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Feira de Santana-BA, onde realizou biópsia de medula óssea compatível com LCM, mostrando infiltração por linfoma não Hodgkin de imunofenótipo B com coexpressão de CD20 e CD5. A imunohistoquímica confirmou expressão de ciclina D1, sugerindo LCM, sendo solicitado estudo citogenético para detecção da translocação t(11;14). O paciente iniciou quimioterapia CHOP (Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Vincristina e Prednisona), mas após dois ciclos apresentou ausência de resposta clínica, piora laboratorial (leucócitos: 634.000/mm3), agravamento dos sintomas constitucionais, rebaixamento de consciência, crises convulsivas e broncoaspiração. Necessitou internação em UTI, suspensão da quimioterapia e medidas de suporte intensivo. Foi solicitada terapia com inibidor da tirosina quinase de Bruton (BTKi), o Acalabrutinibe. O LCM representa cerca de 6% dos linfomas não Hodgkin, caracterizando-se por imunofenótipo CD5+, CD20+, ciclina D1+ e translocação t(11;14), resultado da fusão dos genes CCND1 e IGH, que leva à superexpressão da ciclina D1 e proliferação celular descontrolada. Sua apresentação clínica varia desde formas nodais clássicas até variantes leucemizadas, que podem simular Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), sendo fundamental a exclusão desta por imunofenotipagem e imunohistoquímica. O diagnóstico precoce é desafiador, pois sinais como linfocitose e esplenomegalia podem levar à suspeita inicial de LLC, linfoma esplênico da zona marginal ou leucemias atípicas. No caso descrito, a ausência de CD23 e a positividade para ciclina D1 foram decisivas para a diferenciação, reforçando o papel da imunohistoquímica e do estudo citogenético. O prognóstico do LCM é desfavorável, sobretudo em idosos e formas leucemizadas, com sobrevida global média reduzida e alta taxa de recidiva após terapias convencionais. Ensaios clínicos evidenciam que BTKi, como Ibrutinibe, Acalabrutinibe e Zanubrutinibe, oferecem taxas de resposta significativas, inclusive em pacientes refratários, com perfil de toxicidade mais tolerável, especialmente relevante para idosos frágeis.

Conclusão

O LCM impõe desafios diagnósticos e terapêuticos, exigindo métodos imunohistoquímicos e citogenéticos para confirmação. A falha do esquema CHOP reforça a necessidade de terapias-alvo como BTKi. Contudo, a indisponibilidade no SUS limita o acesso e pode comprometer o prognóstico em pacientes com doença refratária.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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